Brasília, 16 abr (EFE).- Centenas de índios ocuparam nesta terça-feira os escritórios de uma comissão da Câmara dos Deputados para protestar contra um projeto que visa alterar as leis de demarcação das reservas indígenas e afirmaram que não sairão do local até que a proposta seja arquivada. Os índios se instalaram na Comissão de Constituição e Justiça e exigiram ser recebidos pelo presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves, que embora tenha conversado com o grupo, não conseguiu que os indígenas desistissem da ocupação. Alves garantiu que os índios serão convidados a expor suas queixas e dúvidas perante o Congresso, a fim de "construir um acordo respeitoso" que seja fruto de "amplas consultas" com os setores e órgãos envolvidos na questão indígena. No entanto, o numeroso grupo de índios, que o próprio Congresso calcula que seja integrado por cerca de 300 pessoas, se negou a deixar a sala e disse que só irá se retirar do local uma vez que o projeto de lei seja retirado "definitivamente" da pauta parlamentar. Alguns dos manifestantes abandonaram por um momento o local, mas para se dirigirem ao salão do plenário, que teve que interromper sua sessão devido ao protesto dos índios, que depois retornaram aos escritórios da Comissão de Constituição e Justiça. O cacique Neguinho, da tribo Truká, disse aos jornalistas que se o projeto não for arquivado, os índios "permanecerão" nessa sala o tempo que for "necessário". A indígena Sonia Guajajara afirmou, por sua parte, que a ocupação foi decidida em nome dos "ancestrais" dos índios, que são os responsáveis por "guiar" a "luta pelas reivindicações e os direitos dos povos indígenas". O projeto que gerou os protestos é tramitado desde 2000 na câmara baixa e, após 12 anos e quase ser arquivado, voltou a ser assunto no ano passado e aprovado já em várias comissões. O ponto mais polêmico do texto propõe que a demarcação de novas terras indígenas, que corresponde na atualidade ao Poder Executivo, passe ao Parlamento. Segundo líderes de diversas tribos, essa mudança diminuirá poder da Fundação Nacional do Índio (Funai), organismo do Governo que é responsável pelo atendimento e cuidado dos povos indígenas. EFE ed/ff
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