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quarta-feira, 20 de março de 2013

O preço da morte em Goiânia Um “negócio” em expansão que movimenta a economia local. Alguns sepultamentos na Capital podem custar até R$ 40 mil

O preço da morte em Goiânia

Um “negócio” em expansão que movimenta a economia local. Alguns sepultamentos na Capital podem custar até R$ 40 mil

Diário da Manhã
Letícia Brandão
Para um último adeus, os parentes encontram nos funerais uma forma de prestar homenagem ao ente querido que partiu. Nessa hora as dificuldades podem ultrapassar a dor da perda. 
Apurações feitas pela reportagem do Diário da Manhã mostram que um sepultamento feito na Capital pode variar entre R$ 600 e R$ 40 mil. O valor mínimo é aplicado quando a família já tem jazigo e local próprio para velar o corpo. Essa quantia inclui apenas as despesas funerárias com carro para remoção e cortejo, caixão, flores e a taxa de sepultamento cobrada pelo cemitério. Já o montante máximo envolve custos com funerárias, como: locais para velar e sepultar o corpo, caixão, veículo apropriado para acompanhamento, flores, entre outros serviços. E para dar um sepultamento digno ao falecido, os parentes enlutados enfrentam um verdadeiro comércio, o que evidencia que o luto representa um mercado em expansão.
O aluguel das salas de velório custa, em média, R$ 200, por um período de até 24 horas. Os caixões possuem preços diversos, de R$ 220 a R$ 15 mil. Essa grande variação é explicada pelo gerente de uma funerária de Goiânia. “As urnas populares são revestidas por laminados de madeira. Já as tipificadas como padrão superluxo são de madeira maciça trabalhada. As mais vendidas têm um padrão médio, com preços entre R$ 500 e R$ 900”, justificou Valdir Roberto Damasceno, gerente de uma das principais funerárias da Capital. Valdir esclareceu ainda que as demais taxas referentes a serviços funerários são tabeladas pela Prefeitura de Goiânia. “As flores que ornamentam as urnas, a remoção, o cortejo, os caixões, entre outros serviços, possuem preços fixos, definidos pela Prefeitura”, concluiu o gerente.  
Para uma família que não tem jazigo nos cemitérios da Capital, é preciso comprar um para que o enterro seja feito. O cemitério mais antigo de Goiânia, o Santana, que fica no Bairro de Campinas, não comercializa mais terrenos, pois está com a capacidade completa. Somente quem tem parentes no local pode fazer o sepultamento. Já são mais de 50 mil corpos enterrados no lugar.
Os cemitérios Jardim das Palmeiras, no Setor Crimeia Oeste, e o Parque, o maior da Capital, situado no Setor Urias Magalhães, região norte, não estão vendendo terrenos, porém a decisão é temporária, até que ambos ampliem suas áreas. 
Já no Memorial Parque, na saída para Bela Vista, no Vale do Cerrado, na rodovia que liga Goiânia a Trindade, e no Cemitério Jardim da Paz, na Vila São Joaquim, que fica na divisa dos municípios de Goiânia com Aparecida, existem jazigos para venda. Os valores podem chegar a mais de R$ 20 mil. O Vale do Cerrado é o único da Capital que conta com um crematório. “Ainda não temos uma cultura de realizar a cremação do morto, mas essa opção é ecologicamente correta, pois não atinge o lençol freático, além de possuir um valor menor do que o enterro tradicional”, afirma o gerente de vendas e marketing do estabelecimento, Sérgio Rubens.   

Gratuito
Para a população mais carente, que não tem condições de arcar com todas essas despesas, a Prefeitura de Goiânia inaugurou, em agosto de 1997, o Cemitério Vale da Paz, onde os terrenos não são comercializados. São mais de 15 mil corpos sepultados no único cemitério gratuito de Goiânia.
A Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) oferece às famílias de baixa renda, acompanhadas de assistentes sociais, um completo serviço funerário gratuitamente. O serviço inclui urna popular, remoção para velório, preparação do corpo – embalsamento e formalização – e isenção de todas as taxas relativas ao funeral. Para ter acesso a esse benefício, a família tem que assinar um termo de declaração e responsabilidade. Caso a carência não seja confirmada, os parentes do morto precisam ressarcir todos os valores gastos, arcados pela Semas.

Homenagens
Mesmo com o valor elevado, os parentes não medem esforços na hora de despedir-se do ente querido. Quando Maria Lúcia perdeu a irmã, no início do ano de 2007, a família já estava pagando um jazigo em um cemitério da Capital. Segundo explica, eram duas opções para o sepultamento. “Poderíamos fazer a despedida aqui em Goiânia, onde ela morava há mais de 20 anos, ou em nossa cidade natal, onde estão enterrados nossos pais, mas ela tinha o desejo de continuar próxima dos amigos que fez aqui”, declarou. Maria estima que os gastos com todo o processo fúnebre girou em torno de R$ 25 mil.
Ainda com fortes características de uma dor profunda pela perda do patriarca, os parentes de uma renomada jornalista da Capital pediram para preservar o nome da família enlutada. Quando o pai da comunicadora faleceu, há um ano, vítima de câncer, os parentes tiveram que comprar um terreno para realizar o enterro. “A minha família paterna tem uma superstição de que quem compra jazigo antes de morrer vai falecer logo em seguida. Coincidência ou não, aconteceu dessa forma com minha avó materna, que veio a óbito enquanto dormia”, contou a profissional. Segundo ela, mesmo com a internação e estado de saúde delicado em que se encontrava o pai, a decisão da compra só foi efetivada quando a morte foi constatada. A jornalista calcula que foram gastos em torno de R$ 15 mil no adeus definitivo ao patriarca.
fonte diario da manhã 

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