Ana Maria Campos
Helena Mader
Publicação: 24/10/2013 06:02 Atualização:
Os ex-governadores José Roberto Arruda (PR) e Joaquim Roriz (PRTB) podem estar juntos nas eleições de 2014 e já negociam apoio para a formação de um amplo grupo político. Um dos mentores dessa estratégia é o advogado Antônio Gomes, secretário-geral do PR, coordenador de campanha de Arruda em 2006 e que ocupou vários cargos importantes na gestão de Roriz. Em entrevista ao Correio, Antônio Gomes afirmou que “Arruda só não disputará a eleição se o matarem ou se for impedido pela Justiça”.
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O advogado, que é braço-direito de Arruda, garante que os dois caciques enterraram as mágoas do passado em torno do projeto de voltar ao Palácio do Buriti . “Eles esqueceram as diferenças por uma questão pragmática e estão se juntando porque são inteligentes, são líderes e precisam ganhar a eleição. E só vão chegar lá se fizerem isso juntos”, acredita Antônio Gomes.
Roriz e Arruda se encontram com frequência em Brasília e em São Paulo para definir a formação de uma frente de centro-direita, que pode reunir partidos como DEM, PSDB e PPS. Mas, com problemas jurídicos que podem frustrar os planos da dupla, também não se furtam a debater um plano B. “Eles vão estar juntos nas eleições de 2014, não tenho dúvidas. Se um não puder ser candidato, o outro será. Arruda e Roriz têm esse acordo”, garante Antônio Gomes.
O ex-governador José Roberto Arruda entrou no PR no último dia do prazo para filiações. Ele será candidato ao governo?
Arruda é candidatíssimo. Ele só não disputará a eleição se o matarem ou se for impedido pela Justiça. Ele quer voltar para concluir as mais de duas mil obras que ele começou. O sentimento que ele tem é que fizeram uma grande armação para tirá-lo do poder. E tiraram. Do contrário, ele seria reeleito. Estava no auge da popularidade, com mais de 82% de aprovação. E o Arruda será representante de um grupo político forte. Há um bloco de partidos que vem conversando com ele e que é grupo de peso. Temos PSDB, o PPS, que tem hoje a Eliana Pedrosa, uma companheira nossa de muitas lutas, tem o DEM e outros vários partidos.
E se ele for considerado inelegível pela Justiça?
Nessa hipótese, ele apoiará um companheiro dentro de sua base aliada. Há pelo menos uma meia dúzia de nomes conhecidos e capazes de governar a cidade. A união com Roriz vem sendo trabalhada. Eles têm muitas diferenças, mas estão esquecendo tudo, de maneira pragmática para juntos ganharem a eleição.
Como estão as negociações entre Arruda e o ex-governador Joaquim Roriz?
O Arruda tem conversado muito com o governador Roriz. Eles se encontraram três vezes aqui em Brasília só no mês passado e vêm se encontrando em São Paulo. E vão se reunir muito mais ainda porque estão afinadíssimos. Arruda e Roriz vão estar juntos nas eleições de 2014, não tenho dúvidas. Se um não puder ser candidato, o outro será. Eles têm um acordo.
A relação entre eles ficou muito estremecida porque o Arruda imaginava que Roriz fosse o mentor da delação premiada do Durval Barbosa. As mágoas ficaram no passado?
Eles esqueceram as diferenças por uma questão pragmática e estão se juntando, porque são inteligentes, são líderes, e precisam ganhar a eleição. E só vão chegar lá se fizerem isso juntos. Então, eles esqueceram do passado e estão tratando dos interesses comuns. As mágoas foram esquecidas, está prevalecendo o pragmatismo.
E se nenhum dos dois puder disputar?
Se nenhum dos dois puder, eles vão se sentar e escolher um terceiro nome. Esse é o quadro. Se os dois puderem, como não pode haver divisão, eles vão se sentar, trancar a porta, e ao fim da reunião dizer habemus papa, ou melhor, habemus candidato.
O senhor já foi do Ministério Público e atualmente é advogado. Como o senhor analisa a situação jurídica do Arruda, que foi cassado por infidelidade partidária? Acha que ele vai conseguir registrar candidatura na Justiça Eleitoral?
Hoje, ele não tem nenhum impedimento, está totalmente livre para ser candidato. Caso seja impedido no futuro, veremos o que fazer. É claro que a gente tem que pensar nisso, estamos atentos a todos os movimentos, mas não acredito que isso vá acontecer. Há muitos processos que ele responde, muitos deles por injustiça e perseguição política. É uma batalha judicial que ele vai enfrentar mas os advogados estão muito preparados e otimistas.
Na sua avaliação, quem seria mais forte, Roriz ou Arruda?
As pesquisas mostram hoje Arruda, em qualquer cenário, está em primeiro lugar. Pertinho do Roriz, mas Arruda está na pole position. Os dois estão muito bem em qualquer cenário. Roriz e Arruda têm a consciência de que devem estar juntos para vencer. Todos nós temos essa consciência, de que sozinhos não vamos a lugar nenhum. Hoje, há uma vontade determinada desse bloco liderado por Roriz e por Arruda de estar junto.
O Paulo Octávio sempre foi alinhado com o seu grupo, mas hoje está no PP, um partido ainda na base governista. Acha que poderão estar juntos?
O Paulo Octávio é um homem desse grupo político e estamos certos de que vamos estar juntos. Mas está muito longe da eleição e ainda tem muita água para rolar. Acho que vai haver esse alinhamento e que o PP virá se alinhar conosco. Cada dia que passa o cenário vai se descomplicando.
Como o senhor avalia os potenciais adversários?
A esquerda estará muito dividida, com três ou quatro candidatos, o que nos favorece. Do lado de cá, nós vamos sair juntos. Com a esquerda rachada, se estivermos unidos, vamos ganhar a eleição no primeiro turno.
O Arruda está disposto a enfrentar uma campanha, em que os escândalos de 2007 serão todos ressuscitados?
Ele foi para São Paulo, mas o domicílio eleitoral continua aqui. Ele tem um sentimento muito forte de que ele foi apeado, abatido do poder, de que fizeram um complô para derrubá-lo. Depois dessa fase grande de sofrimento, ele está bem de saúde e psicologicamente, disposto a ir para o enfrentamento. Será uma oportunidade para ele explicar o que aconteceu e retomar um projeto que foi bruscamente interrompido. Ele tinha mais de 2 mil obras em andamento, muitas delas aí precisando ser terminadas. O Estádio Nacional, por exemplo, é um projeto do Arruda, a Torre Digital também. Muitas dessas obras que o Agnelo concluiu eram do Arruda. E foi uma coisa importante, porque eram obras para a cidade. O projeto foi interrompido e ele quer retomar o trabalho. É sonho dele voltar e completar isso.
Depois de ameaças de rompimento, o PMDB decidiu manter a aliança com o PT para 2014. Como o senhor avalia esse movimento?
Há três ou quatro meses, a gente ainda achava que o Filippelli poderia sair e vir liderar esse grupo, mas não deu certo. Ele externou o desejo dele, do partido dele, de renovar a aliança com o PT, com o Agnelo. A decisão do Filippelli foi importante porque houve uma definição do quadro político. Isso ajudou a dar uma clareada no cenário. A avaliação que a gente tem é que isso foi bom, demarcou terreno e de certa forma ajudou os entendimentos do nosso grupo. Mas foi caminho sem volta, agora ele não sai mais. O Filippelli tomou o rumo dele, foi atitude correta, mas isso também fez com que o nosso grupo se unisse mais ainda.
Quem será esse plano B? Muito se fala na deputada Liliane Roriz, filha do ex-governador…
Teremos o Roriz e o Arruda juntos, esse é o principal. Ela pode ser a vice, por exemplo. Tudo vai depender dos entendimentos. Se o Roriz for candidato, o Arruda o apoiará. Mas se não for, ele quer o apoio do Roriz. O acordo que eles estão tentando costurar é nesse sentido.
No plano nacional, quem poderá ser o candidato desse grupo? Aécio Neves?
O Arruda é amigo pessoal do Aécio, não estou vendo dificuldades na união desses partidos que citei em torno da candidatura do senador Aécio à presidência. É claro que o cenário nacional pode gerar uma dificuldade aqui ou acolá, mas que será superada. Com isso, alguém do PSDB pode ser candidato a vice ou ao Senado, as candidaturas majoritárias estão aí para serem negociadas.
O senhor foi coordenador da campanha do Arruda em 2006. Será de novo? Ou pretende disputar as eleições também?
Eu também sou candidato, ainda estou examinando o cenário para decidir se vou concorrer a deputado federal, distrital, ou suplente de senador. A suplência do Senado é sonho antigo. Na eleição passada postulei a suplência do Paulo Octávio, mas pelos entendimentos apoiamos o Adelmir Santana. Agora, tenho dito que é minha vez e não vou abrir mão. Mas só serei suplente se senador for um homem forte. Isso vai depender do cenário, mas temos quadros para isso.
Entre os integrantes do PR, quem será candidato?
Além de da minha candidatura, temos hoje no nosso partido um quadro de muitas pessoas com serviços prestados à cidade, como Bispo Renato, o deputado Aylton Gomes, o Dr. Charles e Rogério Ulysses. Temos coringas importantes como Jofran Frejat, que é homem respeitado na cidade e pode ser candidato a tudo, a governador, senador, federal, ou vice, já que ele tem uma folha enorme de serviços prestados a Brasília. O PR tem ainda o Laerte Bessa, que tem muito voto e é líder na área de segurança pública, e o senador Adelmir Santana, que também é uma reserva nossa. O PR está com uma nominata muito boa.
Alguns integrantes do PR demonstraram insatisfação e resistência à chegada de Arruda ao partido. Como lidaram com isso no diretório regional?
A cúpula do partido nos deu toda liberdade para fazermos as chapas e coligações que quisermos, sem patrulhamento, sem censura. Houve casos isolados de resistência por causa de cenários regionais.
E os integrantes do PR que estão no governo, como Bispo Renato, atual secretário de Trabalho? Isso gera constrangimento?
Ele resolveu isso com o governador Agnelo. Da nossa parte, não tem constrangimento. Nosso partido é democrático, tem gente de todas correntes.
A Flávia Arruda, mulher do ex-governador, será candidata?
Ela está no partido, é jovem, muito preparada. É uma moça inteligente, um quadro importante do partido como pré-candidata. Sou um dos que defendem a candidatura da Flávia. Acho que ela seria uma belíssima candidata a deputada distrital ou federal. Mas não sei se ela será candidata. Como primeira-dama, ela ajudou muito o governador na parte social. Se quiser ser candidata, terá todo o apoio do partido.
FONTE CORREIO BRAZILIENSE
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