Por Vitor Santana e Raquel Morais, G1 Goiás
A Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP) afirmou que os equipamentos de segurança e revista do presídio de Trindade, na Região Metropolitana de Goiânia, são insuficientes para detectar a presença de explosivos. Após uma nova contagem, o órgão aumentou para 20 o número de presos que conseguiram escapar após parte do muro ser explodido.
"A revista é feita com o que chamamos de raquete, que não detecta material explosivo, apenas materiais metálicos. Além disso, não é feito mais revistas íntimas, conhecidas como vexatórias. Uma das suspeitas é que mulheres entraram com esse material nas partes íntimas”, disse o diretor do órgão, coronel Edson Costa.
Inicialmente a diretoria divulgou que 19 presos tinha fugido da unidade. Porém, após nova verificação, o órgão disse que, na realidade, foram 20 internos. Quatro deles já foram recapturados. Na ação, que aconteceu no domingo (15), oito presos ficaram feridos, mas só dois seguem internados.
A fuga aconteceu na tarde de domingo (15), no fim do horário de visitas. De acordo com a DGAP, foram duas explosões. A primeira aconteceu em uma cela para distrair os agentes que estavam de plantão. A segunda atingiu parte do muro nas proximidades da guarita, abrindo um buraco para que os internos escapassem.
Com as explosões, oito detentos ficaram feridos. Até as 17h desta segunda-feira (16), quatro fugitivos foram recapturados.
O diretor explicou ainda que seria necessário um scanner corporal para poder identificar qualquer material preso ao corpo de visitantes. Porém, das 118 unidades prisionais do estado, apenas três possuem o equipamento: Unidade Prisional de Anápolis, além da Penitenciária Odenir Guimarães e Casa de Prisão Provisória, em Aparecida de Goiânia. Segundo a DGAP, todos estão funcionando.
Costa explicou que, devido a essa falta de equipamento adequado, continuam entrando itens proibidos dentro dos presídios. “Essa é uma realidade em todo país. Entrou e continua entrando [materiais ilícitos]. O que precisamos é melhorar os equipamentos e a eastrutura”, pontou.
Para ele, deveria haver um maior investimento do governo federal no sistema prisional e diminuição da burocracia exigida para a utilização do dinheiro.
Mulheres entraram com explosivos
Nesta segunda-feira, a mulher de um preso foi detida suspeita de facilitar a entrada dos explosivos usados para explodir parte de uma cela e o muro do presídio. A mulher foi identificada como Akylla Ferrão Antunes, de 24 anos. O marido dela, Matheus Fernandes Assis, de 23 anos, não conseguiu fugir e ainda se machucou durante a explosão.
“Chama a atenção o modo profissional que realizaram a fuga. A ironia é que o marido dela não conseguiu fugir e outros detentos sim. Além de não efetuar a fuga, a esposa acabou sendo presa em flagrante. Os planos não saíram a contento e ele está bastante machucado”, disse a delegada responsável pelo caso Paula Meotti.
O G1 não conseguiu localizar a defesa de Akylla até a publicação desta reportagem.
Paula Meotti disse que a Akylla afirmou, informalmente, ter organizado a entrada de dez explosivos por meio de outras mulheres e de um cordel escondido, para detonar o equipamento.
“Ela teria facilitado a entrada, entregando os explosivos para outras duas mulheres, que teriam entrado com os explosivos dentro do presídio. Depois, ela entrou com o cordel escondido nas partes íntimas”, disse a delegada.
Além de Akylla, Jacson Delúbio Santana de França, de 24 anos, também foi detido suspeito de ajudar na fuga. De acordo com a Polícia Militar, ele levaria a chave reserva do Honda Civic para a jovem. A corporação informou ainda que, segundo o rapaz, quem o contratou integra uma facção criminosa responsável por tráfico de drogas.
Presos de alta periculosidade
De acordo com a direção da unidade, no momento da explosão, 441 presos estavam na unidade. Sete agentes trabalhavam no momento. O presídio foi construído para abrigar 165 detentos. O presidente do Sindicato dos Agentes Prisionais em Goiás, Maxsuell Miranda das Neves, informou que o ideal seriam 20 servidores por turno.
Os internos que fugiram estavam em várias celas. Entre eles há alguns que respondem por homicídios e latrocínios (roubo seguido de morte). Segundo apuração da TV Anhanguera, quatro são integrantes de facções criminosas. No entanto, a DGAP informou que não se pronunciará a respeito.
Veja a lista dos 20 fugitivos identificados:
- Alex Junio Bispo da Silva
- André Brasil Ribeiro
- Cássio Dumont Martins Tavares
- Danrlei Rodrigues Veras da Silva
- David Oliveira Maciel
- Djavan Oliveira Gabriel - recapturado
- Edvan Esteves
- Fabrício Miranda Ferreira
- Fernando da Silva Brandão
- Frederico Alves de Sousa
- Ítalo Kaique Araujo da Silva
- Jardson Oliveira Santos
- João Paulo Ferreira da Costa
- José Vinicius Pereira Silva - recapturado
- Lucas Stefano dos Santos
- Marcos Vinicius de Souza Batista - recapturado
- Paulo Henrique Almeida Dias - recapturado
- Rafael de Jesus Oliveira
- Vinicius Henrique Libaneo da Conceição
- Wilson Ribeiro da Silva Filho
fonte G1
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