De dentro de penitenciária no interior de SP, facção ordenou rebeliões no Nordeste e centenas de mortes no país
Por meio de cartas, líderes de PCC ordenaram assassinatos com tortura e coordenaram treinamentos para assaltantes, diz investigação do MP que denunciou 75 integrantes.
Por Bruno Tavares, TV Globo e G1 SP
Investigação do MP-SP revela quadrilha que age dentro e fora dos presídios brasileiros
O PCC, facção que age dentro e fora dos presídios, mandou matar centenas de pessoas em vários estados do Brasil, segundo aponta investigação do Ministério Público de São Paulo, que denunciou 75 integrantes da quadrilha nesta sexta-feira (6). A maioria dos mandantes dos assassinatos já está presa e agora vai responder pelos crimes, mas ainda falta identificar parte da quadrilha que está nas ruas.
As ordens e os pedidos de autorização para o assassinato de rivais chegavam e saíam da Penitenciária 2, de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, por meio de cartas, que depois de lidas, eram descartadas na rede de esgoto. Telas instaladas no encanamento ajudaram a represar o material.
Entre os pedidos de assassinatos estão os que originaram a rebelião na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, em janeiro de 2017, que terminou com 26 mortos; a rebelião em Crateús, no interior do Ceará, em outubro de 2017, quando 3 pessoas foram encontradas mortas a tiros e facadas na Zona Rural da cidade; e o assassinato do agente penitenciário federal Alex Belarmino Almeida Silva, morto com 23 tiros em setembro de 2016, em Cascavel, Paraná.
As provas recolhidas em São Paulo vão ser mandadas para os outros estados para que os investigadores possam identificar e prender quem participou das mortes.
Cartas com ordens de assassinatos descartadas na rede de esgoto (Foto: Reprodução/TV Globo)
No total, a facção comanda 30 mil criminosos em todo o país e também no Paraguai e na Bolívia, 10 mil só no estado de São Paulo. O grupo investigado em presidente Venceslau oferecia até treinamento para assaltantes.
“O que nós verificamos foi um plano de expansão da organização criminosa paulista para fora dos limites do estado de São Paulo atingindo todos os estados da federação. E aí nós encontramos,, por exemplo, treinamento de integrantes de outros estados, tanto no manuseio de armamentos pesado quanto de explosivos. Isso é muito utilizado hoje no assalto a carros fortes e empresas de valores, né? Que arrecada dinheiro com o tráfico da facção. E também plano de atentados com órgãos públicos, agentes públicos, forçar a transferência de presos para presídios que eles acham ser mais favorável”, disse o promotor Lincoln Gakiya.
Em uma das cartas, o codinome “Bin Laden” pergunta a relação de comparsas que viriam ao estado de São Paulo para aprender a montar bombas.
A denúncia do Ministério Público revela ainda que a quadrilha paulista criou regras para o assassinato de seus desafetos, como, por exemplo, que as mortes deveriam ser sob tortura e com muita crueldade.
Um dos áudios mostra o integrante falando: “então já arranca os dedos da mão dele e a orelha, mano”. Em uma outra conversa gravada com autorização da Justiça, os chefes da facção proíbem que a vítima seja morta a tiros. A ordem era para matar “na faca” e gravar um vídeo da execução.
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