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sexta-feira, 6 de março de 2015

Padre nega ser servidor fantasma da Assembleia Legislativa de Goiás Em nota, ele diz que já atuou na Casa, mas depois tirou licenças de trabalho. Ele diz que paga plano de saúde a ajuda famílias com salário de R$ 11,8 mil.


Do G1 GO, com informações da TV Anhanguera
Suspeito de ser servidor fantasma da Assembleia Legislativa de Goiás, o padre Luiz Augusto Ferreira, de 54 anos, negou a acusação. Em nota (leia na íntegra abaixo), ele afirma que já atuou cumprido a jornada de trabalho de seis horas, mas depois ficou à disposição dos parlamentares para "trabalhos sociais" e tirou licenças permitidas por lei. No texto, o pároco não especifica o período em que cumpriu a jornada na Casa ou os trabalhos realizados.
Ainda de acordo com o comunicado, o responsável pela Paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus, em Aparecida de Goiânia, explica que do salário que recebe como funcionário de carreira - R$ 11,8 mil - ele utiliza em benefício próprio apenas o valor referente à contribuição para o Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado de Goiás (Ipasgo) plano de saúde do funcionalismo estadual.

Investigação
O padre afirma que "todo o restante" é destinado às famílias que ele ajuda diariamente e que estão sob sua responsabilidade. Por fim, ressalta que "não recebe e nunca recebeu salário como sacerdote".
O padre Luiz Augusto foi admitido em março de 1980 para o cargo de analista legislativo e recebe atualmente salário bruto de R$ 11,8 mil pelas atividades exercidas na Casa.
Segundo o deputado Helio de Sousa (DEM), presidente da Assembleia Legislativa, desde novembro do ano passado, o padre está sob licença-prêmio remunerada, benefício dado a servidores a cada cinco anos. O benefício tem prazo de três meses e venceu no dia 3 de fevereiro, quando foi renovado. Assim, o pároco só deve retornar à Assembleia em maio.
Sousa, no entanto, não soube informar se Luiz Augusto aparecia para trabalhar e diz que vai apurar o caso. "Segunda-feira (9) eu tenho o levantamento funcional desse servidor. E dependendo do que tiver ali, em comum acordo com a mesa diretora, eu vou convocar pra que a gente assuma toda responsabilidade. Se for necessário, baseado no levantamento, nós vamos fazer uma sindicância", explica.
Padre Luiz Augusto, em Goiânia (Foto: Diomício Gomes/O Popular)MP e Assemleia investigam o padre Luiz Augusto 
(Foto: Diomício Gomes/O Popular)
O Ministério Público também deve investigar a situação. Segundo o promotor de Justiça Fernando Krebs, um inquérito civil público será instaurado para investigar se houve improbidade administrativa e desvio de dinheiro público. “Chama a atenção o prazo que isso ocorreu e o fato de ele ser padre, que deveria ter uma conduta ética, exemplar frente aos fiéis”, disse Krebs ao G1.
De acordo com o promotor, ele vai pedir à Polícia Civil que instaure um procedimento para investigar se também houve crime de peculato, ou seja, apropriação indevida de dinheiro público.
Krebs afirma ainda que comunicará a denúncia ao Vaticano. “Vamos comunicar imediatamente para que as devidas sanções administrativas sejam tomadas, para que a conduta do padre seja apurada”, disse o promotor.
Padre das multidões
Popular entre os fiéis de Goiânia, Padre Luiz foi afastado, em maio de 2011, da Paróquia Sagrada Família, onde esteve à frente por 15 anos. Ele foi transferido para uma comunidade com cerca de 30 pessoas e proibido de celebrar missas para pessoas de outras paróquias. O afastamento foi motivo de protestos entre os católicos.
Um ano depois, já na Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, no Setor Expansul, em Aparecida de Goiânia, ele voltou a reunir milhares de fiéis em suas missas e viu o número de presentes nas celebrações subir de 30 para cerca de 3 mil pessoas.
Confira a nota do padre na íntegra:
Nota de esclarecimento
É normal que em uma entrevista jornalística aconteçam alguns equívocos (bons e ruins). Por esta razão, redigi este texto.
Não sou um funcionário fantasma. Durante os meus primeiros anos de Ministério Sacerdotal trabalhei na Assembleia Legislativa cumprindo a jornada estabelecida (6 horas). Posteriormente, como é permitido por Lei, fiquei à disposição de parlamentares para a realização de trabalhos sociais (assessorias). Houve um período em que tirei licença para interesse particular (sem remuneração).
Como já afirmei, do salário da Assembleia utilizo em benefício próprio o valor destinado à minha contribuição do Ipasgo. Todo o restante é destinado às famílias que estão sob a minha responsabilidade e àqueles que diariamente me pedem ajuda.
Não recebo e nunca recebi salário como sacerdote.
Pe. Luiz Augusto Ferreira da Silva.
Do G1 GO, com informações da TV Anhanguera

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