Paulo Roberto Costa afirma que PT recebia propina de áreas para onde indicava diretores na Petrobras
Ex-diretor de Abastecimento diz que todos os contratos acima de US$ 20 milhões passavam por Duque, e apontou novos nomes de políticos que recebiam propina
POR CLEIDE CARVALHO, ENVIADA ESPECIAL
CURITIBA - O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou em delação premiada à Justiça, em setembro, que toda a propina cobrada dos contratos nas áreas de Exploração e Produção e Gás e Energia era direcionada ao PT. Essas áreas, segundo ele, tinham diretores indicados pelo partido. A diretoria de Exploração e Produção responde por 60% a 70% do orçamento da Petrobras e foi comandada por Guilherme Estrela e José Formigli, ambos indicados pelo PT.
Costa já havia afirmado em depoimentos anteriores que os sobrepreços nos contratos eram de 3% na diretoria de Serviços, que também era comandada pelo PT, por meio do diretor de Engenharia e Serviços Renato Duque. No depoimento, o ex-diretor disse que todos os contratos e licitações acima de US$ 20 milhões passavam por Duque.
“Todas as diretorias (que eram) indicadas pelo PT, o dinheiro ia para o partido”, segundo o depoimento colhido na Polícia Federal em Curitiba e que veio à tona nesta quinta-feira.
Ainda em seu depoimento o ex-diretor disse que “todos os valores para uso político eram repassados a João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, quando se tratassem de recursos destinados ao Partidos dos Trabalhadores”. Segundo Costa, Duque era indicado por José Dirceu porque era parente dele — “ou o próprio Duque ou a mulher dele (de Duque)”, relatou.
PROPINAS TAMBÉM NO PP E PMDB
Paulo Roberto Costa apontou ainda as pessoas responsáveis pelo gerenciamento da propina em cada partido, e incluiu novos nomes. No PP, além de Youssef e do ex-deputado José Janene, participava também Henry Hoyer (Henry Hoyer de Carvalho, que já foi assessor do ex-senador Ney Suassuna (PSL-PB). No PMDB, além de Fernando Soares, o Fernando Baiano; e de Nestor Cerveró; Costa apontou também como operador do partido Jorge Zelada, que também comandou a área internacional. No PT, segundo o depoimento, os operadores eram Renato Duque e João Vaccari Neto.
O ex-diretor da área de Abastecimento afirmou que, ao contrário do PP, que usava apenas o dinheiro já combinado com as empreiteiras, o PT e o PMDB lhe pediram que procurasse as empreiteiras fornecedoras da Petrobras para que doassem recursos para a campanha política de 2010. Costa confirmou remessas periódicas de dinheiro ao ex-deputado Pedro Correa, que, segundo ele, era amigo de José Janene. Segundo Costa, apenas no primeiro semestre de 2010 Pedro Correa recebeu R$ 5,3 milhões. Ele também disse que Aline Correa, filha de Pedro Correa, foi deputada federal pelo PP de São Paulo.
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Costa afirmou que quando assumiu a Diretoria de Abastecimento, foi avisado por Janene que deveria zelar pelos interesses do partido, no caso, o PP, responsável por sua indicação. Do dinheiro da propina, acrescentou que 60% ficavam com os políticos.
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa disse que Delcídio do Amaral, do PT, senador pelo Mato Grosso do Sul, era o responsável por escolher o nome do diretor da área Internacional, mas que "prestava contas" também ao PMDB. Segundo ele, a Petrobras fez diversos navios-sonda de perfuração em Singapura, na Coréia do Sul e na China, com valores gigantes, e que provavelmente "houve pagamento de vantagens".
Costa afirmou ainda que nunca falou abertamente com os presidentes da Petrobras Sérgio Gabrieli, José Eduardo Dutra e Graça Foster - que foi também diretora da área de Gás e Energia - sobre pagamento de propina. Por isso, não pode assegurar que eles soubessem do esquema de desvio de dinheiro. Costa, no entanto, reafirmou que os diretores de Serviços e da Área Internacional sabiam.
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