MEMÓRIA POLÍTICA DE GOIÁS. Lições de bastidores. O corre-corre de 1986!
Postado por Luiz Carlos Bordoni
Henrique Santillo
Eleições de 1986. Santillo era o candidato do PMDB. Mauro Borges, do PDC, o adversário maior. Programas no ar. O de Mauro, 10. O de Santillo, zero. A produtora buscada lá fora, tal de Diana, não deu conta de editar o baralho de tomadas variadas de mesmo texto e a coisa ficou simplesmente horrível. Idem o programa dois, onde algumas coisas eu mesmo corrigi, por ordem de Carlos Maranhão e Wilmar Guimarães.
Salvou-nos o Euclides Nery, da Makro, onde, por encomenda do Diretório Nacional, o jornalista Washington Novaes havia editado um programa de 60 minutos a ser exibido nacionalmente: “ O PMDB no Coração”.
O Euclides cuidou de extrair dali material para os programas, enquanto gravávamos com Santillo. Mas o que levaríamos ao ar, se o material da Diana era um punhado de fitas não devidamente catalogadas?
Em ritmo de emergência, relacionei um material de arquivo a ser comprado das nossas tevês. O povo gosta do quê? Esportes. Encomendei vitórias do goiano Edmar Ferreira, campeão mundial de motociclismo e de duas outras feras em duas rodas: Kurt Feichtenberguer e Roberto Boetcher, ases maravilhosos que as novas gerações desconhecem, por que as nossas tevês sepultam os ídolos a cada dia que arrancam da folhinha.
Reuni isso, mais o empate de 4 a 4 de Goiás com o Santos, em São Paulo, com Pelé e tudo, e colocamos no ar. Eu fiz apresentação. Os adversários ficaram sem entender. O público, pego de surpresa, acabou ficando sabendo de coisas que os de hoje nunca viram e nem sabem.
Ganhamos tempo para colocar o trem nos trilhos, enquanto os mauristas, que haviam disparado na dianteiras, continuavam ao ritmo de crônicas de Carlos Alberto Santa Cruz, impecavelmente interpretados por Íris Mendes Borges, o melhor locutor de Goiás.
Só que até o Santa Cruz se enjoa de Santa Cruz. Era o mesmo que comer feijoada todos os dias. Foi quando Santillo reuniu o pessoal e, num esforço coletivo, elaboramos uma estratégia de marketing, tendo como ação principal as caminhadas de porta em porta, ao invés de concentrar força apenas em comícios. No lugar desses, produzimos comícios eletrônicos no horário eleitoral. Eram simples: um pequeno documentário sobre a cidade e a mensagem do nosso candidato especialmente para aquela população. No dia seguinte, ele chegava de porta em porta e, pessoalmente, conversava com os seus eleitores.
Santillo não tinha preguiça. Lembro-me de 1978, ele candidato ao Senado. Goiás era grandão, ainda não existia o Tocantins. Estou eu lá pelo Bico do Papagaio, no extremo norte goiano, quando me deparo com quatro empoeirados até a medula: Santillo, uma dupla sertaneja e o candidato a deputado pela região, Wilton Cerqueira.
Ele fazia justamente o que repetiu em 1986: caminhar, pedir o voto de porta em porta. E o que é importante. Depois de eleito, eu o vi ali de novo, no mesmo périplo, com os seus violeiros e o Wilton, companheirão de guerra : estavam de volta para, também de porta em porta, agradecer os votos recebidos.
Sei que ganhamos a eleição de peemedebistas descontentes que mudaram de partido para tentar derrotá-lo nas urnas, ao invés de, a exemplo do que ocorre hoje, cultuar, irresponsavelmente, a infidelidade partidária, por conta de ambições políticas pessoais.
Homem é homem, gato é um bicho. Ou, como ensinam os rubro-negros e meus amigos Alex e Tunikim, “uma vez Flamengo, Flamengo até morrer”. Ou, ainda, “Duas Caras é marca de enxada”...
P. S. - Aviso aos navegantes,Santillo não deixou herdeiros políicos. Nem filhos e nem irmãos o são.
FONTEhttp://luizcarlosbordoni.blogspot.com.br/2015/02/memoria-politica-de-goias-licoes-de.html
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