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domingo, 28 de abril de 2019

Nunca acreditei que estivesse morto', diz mãe que esperou 38 anos para reencontrar filho sequestrado no DF


Nunca acreditei que estivesse morto', diz mãe que esperou 38 anos para reencontrar filho sequestrado no DF

Mulher deixou bebê com funcionários de abrigo e, ao voltar, não o encontrou. Suspeitos disseram que criança estava morta; entenda.


Por Marília Marques, G1 DF

Sueli Gomes Rochedo, de 56 anos, teve o filho sequestrado na porta da maternidade em 1981 — Foto: Divulgação

A moradora do Distrito Federal que teve o bebê sequestrado na porta da maternidade pública do Gama, em 1981, contou ao G1 que nunca perdeu as esperanças de reencontrar o filho.

Depois de 38 anos de espera, a Polícia Civil do DF localizou nesta semana Luiz Miguel, no estado da Paraíba. O exame de DNA comprovou que o rapaz é o filho raptado de Sueli Rochedo, de 56 anos. Hoje, ele está registrado com o nome de Ricardo Araújo.

"Não acreditava que ele estivesse morto."
Até a manhã de sexta-feira (26), mãe e filho não tinham se visto pessoalmente. A previsão é que o primeiro encontro ocorra na próxima semana, após quase quatro décadas.

Desaparecimento
Sueli contou que na época, aos 18 anos, morava em um orfanato no Guará. Em 9 de fevereiro de 1981, ela foi ao Hospital Regional do Gama para dar à luz ao seu segundo filho.

No dia seguinte, quando recebeu alta médica, a jovem saiu acompanhada por dois funcionários do abrigo, que a convenceram a deixar a criança com eles.
A vítima afirmou que foi até um orelhão a 20 metros do hospital e que se ausentou por apenas três minutos. Ao voltar, não encontrou mais a criança.

"No banco de trás do carro, tinha uma senhora com lenço na cabeça. Quando voltei, ela e meu filho não estavam mais lá."

Sueli disse que perguntou aos funcionários sobre o filho desaparecido, mas que foi obrigada pela dona do orfanato a "permanecer calada e a não tocar mais no assunto". Dias depois, a mulher suspeita afirmou que o bebê havia morrido.

"Era um mix de sentimentos. Uma pessoa em que eu acreditava dizia que ele morreu, mas pensava: ele tinha morrido de quê?".

Durante esse período, a moradora do DF contou que foi levada diariamente a farmácias da região para tomar remédios que fizessem o leite secar. Apesar do sofrimento, a vítima afirmou que não guardou mágoas pelo que ocorrido.

"Pela luz do céu, não sinto ressentimento. A gente só dá o que tem. Mesmo jovem, não permiti que o que eu tinha passado me transformasse em uma pessoa ruim."

Investigação

Passados 32 anos do desaparecimento do filho, a vítima decidiu registrar o rapto na delegacia do DF, onde começou a investigação. Segundo a polícia, a principal suspeita – a dona do abrigo – morreu em 2012, antes que Sueli Rochedo registrasse ocorrência.


Na época, a Polícia Civil tinha, pelo menos, 15 linhas de investigação. Uma delas levou os agentes a entrar em contato com o porteiro do médico que fez o parto da jovem, no hospital do Gama.

Em depoimento, ele disse que registrou a criança em 11 de fevereiro, dois dias após o nascimento de Ricardo. O homem não informou à polícia como recebeu o bebê e nem se houve participação do médico no sequestro.

Como na época o registro indevido de criança não era considerado crime, o caso foi arquivado e o porteiro não respondeu criminalmente. O delegado Murilo de Oliveira – responsável pelo caso – informou que não encontrou registro de nascimento da criança no hospital do Gama.

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