Saiba quais são as estratégias usadas nas buscas por vítimas da tragédia de Brumadinho
Balanço mais recente do Corpo de Bombeiros indica que 292 pessoas continuam desaparecidas.
Por G1
Bombeiro tem auxílio de cachorro durante busca por vítimas e desaparecidos em Brumadinho — Foto: Fernando Moreno/Futura Press/Estadão Conteúdo
As buscas pelas 292 pessoas desaparecidas na tragédia de Brumadinho continuam nesta segunda-feira (28). As equipes lideradas pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais adotam estratégias diferentes para localizar sobreviventes e vítimas da lama que vazou da barragem de rejeitos que estourou na sexta (25).
Algumas dessas estratégias são:
Sobrevoo
Leitura de calor e imagem de satélite
Buscas manuais na lama
Sinal de celular
Apitos
Cães farejadores
Sonares
As estratégias variam de acordo com o tempo decorrido desde o vazamento. Aos poucos, a lama fica mais sedimentada – ou seja, menos fofa. Por isso, as equipes precisam tomar cuidados para não colocar em risco os possíveis sobreviventes nem os próprios bombeiros.
"É um trabalho de formiguinha, são áreas gigantescas", diz o tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais.
Os socorristas usam cajados para perfurar a lama em busca de corpos, sobreviventes ou veículos que possam estar soterrados. O trabalho é cansativo. Como a lama está fofa, os pés afundam. Alguns estão usando roupas de mergulho.
Bombeiros usam cajados para perfumar a lama em busca de corpos ou sobreviventes — Foto: Reprodução/GloboNews
Bombeiros usam roupa de mergulho para rastejar na lama em busca de desaparecidos em Brumadinho (MG) — Foto: Reprodução/TV Globo
O número de mortes subiu para 60, e 192 pessoas haviam sido resgatadas com vida (veja a lista aqui) até esta segunda (28).
No vídeo abaixo, o porta-voz do Corpo de Bombeiros explica detalhes das buscas e conta quais são as principais dificuldades:
Bombeiros arriscam a vida na busca por sobreviventes
Reforço
As equipes ganharão nesta segunda a ajuda dos 136 militares enviados por Israel. As tropas já estão no local da tragédia e levaram para lá equipamentos que podem detectar corpos e sinais de celulares debaixo da lama.
"A gente tem equipamento tanto em relação a sonares, por isso eles [israelenses] já solicitaram amostras em relação ao tipo de composição da lama, para ver se eles conseguem detectar pela sensibilidade desses sonares a diferença entre o material de lama e o material de um corpo humano e também equipamentos relacionados à identificação de sinal de celular. Então, se existe algum sinal de celular emitindo, naquela profundidade da lama, aqueles equipamentos são capazes de detectar esse tipo de sinal”, explicou o porta-voz do Corpo de Bombeiros, Pedro Aihara.
Sobrevoo
Membros do corpo de bombeiros procuram por sobreviventes na lama em Brumadinho — Foto: Adriano Machado/Reuters
Poucos minutos depois de a barragem se romper, os bombeiros sobrevoaram a área atingida pela lama com helicópteros. Com o voo, as equipes conseguiam visualizar pessoas – sobreviventes ou não – próximas à superfície do lamaçal. Em alguns casos, o resgate era feito na mesma hora.
Também com o sobrevoo, as equipes conseguem observar onde há destroços de construções ou mesmo carros, o que pode indicar a presença de pessoas soterradas.
Leitura de calor e imagem de satélite
Imagens mostram o antes e depois da tragédia em Brumadinho. — Foto: Foto: Fotos: Digital Globe via Reuters. Gif: Betta Jaworski/G1
É o mapeamento da região atingida pela lama. Com a comparação de imagens e detalhamento da topografia local, os bombeiros conseguem saber em quais locais ficavam fazendas, chácaras, pousadas, estradas ou outros tipos de construção.
"É feito também um trabalho de inteligência, com o uso de imageadores termais, que conseguem identificar a diferença térmica", disse o tenente Aihara ao G1.
Bombeiros se arrastam na lama em busca de sobreviventes em Brumadinho
G1 MG
Bombeiros se arrastam na lama em busca de sobreviventes em Brumadinho
Os bombeiros também fazem buscas manuais na lama – com cuidado para não afundar e colocar a vida dos próprios socorristas em risco. Para isso, os militares ficam de bruços no lamaçal e se arrastam, o que aumenta a área de contato e evita o afundamento rápido.
Os militares também colocam pequenas estacas para marcar pontos já observados pela equipe. A marcação pode tanto servir para indicar um local perigoso como uma área onde pode haver corpos.
Sinal de celular
Equipes de resgate fazem busca de helicóptero em área inundada dois dias depois do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho. — Foto: André Penner/AP
A Justiça de Minas Gerais autorizou quebra de sigilo telefônico de pessoas que estavam em Brumadinho. Assim, é possível identificar quais celulares estavam ligados no momento da tragédia na região onde ocorreu o vazamento.
Bombeiro gesticula perto de um helicóptero de resgate dois dias depois do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho. — Foto: Adriano Machado/Reuters
Os socorristas também usam apitos para chamar a atenção de sobreviventes. Ao assoviar, os bombeiros indicam que estão presentes naquele ponto, e pessoas soterradas ainda em consciência podem emitir qualquer outro som para indicar o local exato onde estão.
Cães farejadores
Bombeiro tem auxílio de cachorro durante busca por vítimas e desaparecidos em Brumadinho — Foto: Fernando Moreno/Futura Press/Estadão Conteúdo
O Corpo de Bombeiros de Goiás levou equipes de cães farejadores para ajudar nas buscas. Como geralmente ocorre em outros desastres como desabamentos, os animais são treinados para encontrar pessoas – vivas ou mortas – soterradas.
Sonares
Delegação de Israel reunida momentos antes do embarque em direção a Brumadinho, MG — Foto: Reprodução/Twitter/Forças de Defesa de Israel
Militares das Forças de Defesa de Israel vão chegar a Brumadinho com um aparato especializado para esse tipo de buscas, incluindo sonares. São equipamentos usados em submarinos para localizar pessoas em longas profundidades com qualidade de recepção e imagem.
ROMPIMENTO DE BARRAGEM EM BRUMADINHO
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