Piloto preso suspeito de participar de morte de chefes do tráfico tem fazenda em Catalão
O piloto Felipe Ramos Morais, de 31 anos, preso suspeito de participar da morte de chefes do tráfico, tem uma fazenda de corte de gado e produção de grãos em Catalão, no sudeste de Goiás, de acordo com apurações feitas pelo Jornal Nacional. A propriedade está arrendada e imagens msotram que há um tanque de combustível no local marcado com as siglas “GF”, assim como os animais da fazenda. A mesma sigla é o nome da empresa de aviação de Felipe, em Goiânia.
O homem está preso no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital. Ele foi detido pela Polícia Civil de Goiás em um condomínio de luxo em Caldas Novas. Ele é investigado por participar das mortes de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca. O duplo homicídio ocorreu no Ceará em fevereiro deste ano.
O delegado Harley Filho, que conduz as investigações, afirmou que, em depoimento, o piloto disse não saber que estava levando os chefes do tráfico para uma emboscada.
“Ele disse que foi só o piloto e que não sabia de nada do que iria acontecer. Para ele era só mais um transporte de pessoas, como ele já fazia. Ele disse que foi mais uma testemunha. Essa versão dele é uma possibilidade que vamos analisar ainda”, contou.
Também conforme o delegado, o preso confirmou algumas informações sobre a ação e tirou dúvidas sobre a dinâmica da ação. O contato do preso, segundo Harley, era com Wagner Ferreira da Silva, conhecido como “Cabelo Duro”, que foi morto em fevereiro de 2018 em São Paulo.
Conforme apuração do Jornal Nacional, há investigações sobre ligação do piloto com um coronel da reserva da polícia de São Paulo. Ao JN, o policial disse que só conheceu o Felipe na adolescência. A assessoria da Segurança Pública de São Paulo disse ao Jornal Nacional que os fatos estão sendo apurados.
O piloto Felipe Ramos Morais foi preso na segunda-feira em Goiás (Foto: GloboNews/Reprodução)
Prisão
A corporação contou que procurava um piloto de Anápolis que estava desaparecido e era suspeito de trazer drogas do Paraguai para Goiás. No entanto, Felipe foi encontrado no lugar dele, usando um documento falso.
À Polícia Civil, o preso teria dito que usava o documento falso por ter feito serviços para organizações criminosas e ter medo de ser encontrado por esses grupos. Ele disse ainda que tem medo de morrer. O homem tem um mandado de prisão em aberto no Ceará, no entanto, a corporação informou à TV Anhanguera que o processo corre em sigilo e não pode informar por qual crime ele é procurado.
Felipe mantém em Goiânia (GO) uma empresa de aluguel de aeronaves. São quatro helicópteros modelo Robinson 44 no nome da empresa dele, sem intermediários.
Duas das aeronaves da empresa, porém, não podem voar: uma era usada por Felipe quando ele foi preso transportando pasta base de cocaína em 2012, e a outra quando ele foi preso novamente suspeito do mesmo crime em 2015.
Helicóptero usado em ataque a Gegê do Mangue foi achado em área de mata de Fernandópolis, no interior de SP (Foto: Divulgaçã)
A emboscada
Felipe era piloto do helicóptero usado na operação em que os chefes do tráfico foram assassinados. Na época, ele informou, por meio de seu advogado, que foi contratado por Wagner Ferreira da Silva, conhecido como Cabelo Duro, também da cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) e executado a tiros na frente de um hotel em São Paulo dias depois.
O piloto afirmou que deveria levar passageiros do Ceará para São Paulo, mas foi obrigado a pousar pouco depois da decolagem. Felipe negou ter simulado uma pane na aeronave e disse que viu as execuções na reserva indígena de Aquiraz, a 30 quilômetros de Fortaleza.
Gegê do Mangue era foragido da Justiça e apontado como o segundo chefe na hierarquia da facção criminosa de São Paulo, abaixo apenas de Marcola. Os corpos dele e de Paca foram encontrados com marcas de tiros. Nove câmeras de segurança captaram os detalhes da emboscada.
Investigação
Segundo a investigação, o helicóptero saiu de São Paulo com sete ocupantes, incluindo Cabelo Duro. Depois de ser usado em uma emboscada no Ceará, pousou em uma área de mata no Rio Grande do Norte, onde os assassinos tentaram destruir provas do duplo homicídio.
A principal suspeita para o crime é que os assassinos são integrantes da própria facção e teriam agido a mando de Marcola. A motivação seria vingança.
Em dezembro, um ex-chefe da quadrilha, Edílson Nogueira, conhecido por Birosca, foi assassinado dentro da cadeia. A ordem teria partido de Gegê do Mangue, sem a permissão de Marcola.
Um bilhete encontrado em um presídio no interior de São Paulo sugere que Gegê e Paca foram mortos pelo próprio PCC porque teriam desviado dinheiro da facção. A mensagem citava Cabelo Duro.
G1 Goiás.
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