Governador de MT diz que vai representar ex-secretário de Segurança da gestão dele
Pedro Taques (PSDB) disse em coletiva que Mauro Zaque o acusa de ter conhecimento de interceptações telefônicas clandestinas em seu governo.
Por Lislaine dos Anjos, G1 MT
Governador Pedro Taques (PSDB) disse que ex-secretário deverá provar acusações feitas contra ele (Foto: Mayke Toscano/GCOM-MT)
O governador de Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB), deu uma coletiva na tarde desta sexta-feira (12) e afirmou que deve representar o ex-secretário de estado de Segurança Pública, promotor de Justiça Mauro Zaque, que ficou um ano no cargo, na Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ) e no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
Segundo Taques, o promotor de Justiça teria o acusado, junto à Procuradoria-Geral da República (PGR), de "prevaricação e outros crimes", pois teria sido informado por Zaque de um sistema de "arapongagem" montado no estado, mas não teria tomado providências a respeito.
"Nunca pedi para que isso [grampos ilegais] fossem feitos ou tive ciência da existência de uma central clandestina de interceptações telefônicas. Quem disse isso terá que provar", afirmou.
De acordo com o governador, Zaque o procurou, quando ainda era secretário de estado, para informar que havia recebido denúncia anônima a respeito da existência de grampos ilegais que teriam sido realizados por policiais militares e no âmbito do Comando Geral da Polícia Militar.
Taques, então, dissse que solicitou a ele que fizesse a denúncia de maneira formal, via ofício, o que foi feito no dia 8 de outubro de 2015, diretamente com o secretário de gabinete do governo, José Arlindo. "Diante da suposta participação de agentes estaduais, encaminhei o ofício e a denúncia ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). O caso foi investigado e arquivado pelo Gaeco, porque não restaram provados atos ilícitos", disse.
O governador afirmou que teve conhecimento na quinta-feira (11) de que Mauro Zaque disse ter protocolado um novo ofício no governo sobre a denúncia, dessa vez com diversos documentos anexos, no dia 14 de outubro de 2015. O protocolo, segundo Taques, teria sido feito diretamente na portaria do Palácio Paiaguás.
De acordo com Taques, ao procurar o documento no governo, descobriu que o número de protocolo apresentado por Zaque seria, na verdade, referente a um processo que tramita na Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra), sobre a necessidade de conclusão de estradas em Juara, município a 690 km de Cuiabá.
Conforme o governador, o segundo ofício supostamente protocolocado por Mauro Zaque não existe. "O adesivo do protocolo é o mesmo que um documento da Sinfra. Ele [Zaque] nunca protocolou isso aqui e eu nunca tive a ciência desse segundo ofício e dos documentos que acompanhavam esse ofício. Do que eu tive conhecimento, eu encaminhei ao Gaeco. Não me foi remetido esse novo documento e não cometi atos ilícitos", afirmou.
Medidas
Taques afirmou que vai representar contra Mauro Zaque na PGJ e no CNMP e que irá encaminhar à Procuradoria-Geral da República a cópia dos procedimentos tomados referentes ao primeiro ofício - cujo arquivamento foi determinado pelo Gaeco - e dos documentos que comprovariam que o segundo ofício enviado por Zaque não existiu no governo.
"Eu teria conhecimento de tudo isso, segundo o Zaque. Mas eu nunca vi esse ofício e é uma fraude o protocolo desse documento aqui no governo. À PGJ, quero que investigue o caso porque o documento foi fraudado. Ao CNMP, quero pedir para que investigue a conduta do promotor. À PGR, eu estou enviando os documentos para me defender", disse.
De acordo com o governador, ele ainda solicitou ao atual secretário de Segurança Pública (Sesp-MT), Rogers Jarbas, para que investigue se existe alguma central clandestina de escutas telefônicas no estado e tome as providências necessárias.
'Sistema guardião'
De acordo com Rogers Jarbas, as interceptações telefônicas autorizadas judicialmente são feitas por meio de um sistema guardião do Gaeco, ao qual têm acesso as polícias Civil, Militar e Federal. No caso da PM, os 'grampos' apenas podem ser solicitados em caso de investigação de crimes militares.
Diante da suspeita de que o acesso estaria sendo usado para interceptar telefones de autoridades clandestinamente, Jarbas disse que irá pedir a suspensão do acesso da PM e uma auditagem do sistema para, em caso afirmativo, buscar a punição dos responsáveis.
"Vou pedir ao Gaeco para suspender as atividades da PM no sistema guardião. O sistema é totalmente auditável, ou seja, qualquer acesso ou número de celular inserido nele pode ser rastreado", afirmou.
FONTE G1
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