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segunda-feira, 8 de maio de 2017

A ingratidão


E.M

O Altíssimo mostra o quanto era horrível o fato de o Seu povo não reconhecer o bem que lhe havia sido feito. Os hebreus passaram a ter um comportamento totalmente ausente de gratidão. Não enxergavam mais sua origem humilde nem o privilégio que lhes tinha sido dado por serem o povo eleito.


Na mensagem do capítulo 16 de Ezequiel, Deus faz uma metáfora dessa trajetória espiritual, colocando-Se como Marido do Seu povo, que é representado pela esposa. Ele fornece os detalhes de como o encontrou, o investimento que fez nele e como essa união foi firmada por meio de uma aliança. Porém, os hebreus se esqueceram disso.


Eles não tinham uma linhagem nobre para reivindicarem ou se orgulharem, pois seus pais eram pagãos (v.3). Quando o Senhor escolheu Abraão, em Ur dos caldeus, ele ainda era um idólatra em meio a uma terra corrompida. E a cidade de Jerusalém sequer foi fundada originalmente pelos hebreus, mas pelos povos pagãos de Canaã Josué 15.63; 2 Samuel 5.6.


A origem da nação de Israel, representada por Jerusalém, é comparada a uma criança indesejada, que foi desprezada sem os cuidados mínimos que se dá a um recém-nascido. O cordão umbilical não foi cortado; não foi lavada e purificada; não foi esfregada com sal, conforme o costume praticado quando as crianças eram dedicadas a Deus; e estava despida (v.4). Tornou-se rejeitada publicamente e atirada ao mundo, sem a compaixão de ninguém (v.5). Só lhe restava a morte.


O relato impressionante do Altíssimo continua. Ele Se compara a um homem que anda pelo campo e ouve o choro daquela menina abandonada, envolvida ainda no sangue do seu nascimento, a quem decide garantir-lhe a vida (v.6). Essa criança representava os hebreus, outrora escravizados e desprezados no Egito, que viviam na condição mais miserável possível. Se não fosse o cuidado Divino, teriam sido completamente extintos. De maltratados, agora tornaram-se especiais e muito bem cuidados. Foi tanta dedicação dispensada a eles que cresceram e se fortaleceram. A menina, então, tornou-se uma bela donzela (v.7).


O Eterno estende Seu manto para lhe cobrir e proteger. Sela-se assim, com um juramento, o Seu casamento com ela (v.8). Em contraste com o infortúnio que Israel vivia, agora eram um povo a quem nada faltava. Os hebreus receberam a glória Divina; a instrução (Lei de Moisés); a terra prometida; a dignidade; a proteção e a garantia de fidelidade perpétua. A antiga condição de nudez e humilhação deu lugar às vestes bordadas e finas e possuíam os melhores calçados nos pés (v.9,10). Foram enfeitados com a riqueza das joias e nutridos com o alimento mais fino da agricultura (v.11-13). Tornaram-se a nação de maior reputação e esplendor do mundo (v.14).


Assim, aquela rejeitada tornou-se uma rainha. Mas não foi leal ao seu Marido, pois Lhe retribuiu com ingratidão e infidelidade tudo o que fez por ela. Não cometeu adultério apenas uma vez, mas assumiu a postura de uma prostituta profissional que se oferecia para todos os homens. Israel foi capaz de usar a beleza e os presentes recebidos do Altíssimo para atrair e se deitar com seus amantes. Sua corrupção começou com o rei Salomão, que se casou com várias mulheres estrangeiras, fez alianças com povos pagãos e inimigos e levou a idolatria a toda a nação (v.15-19).

A apostasia espiritual foi tão grande que os pais tiravam a vida de seus próprios filhos em oferta aos seus deuses, a antiga prática pagã do infanticídio 2 Reis 21.6; Jeremias 7.31.


O Soberano Deus identifica a causa da queda: o fraco coração estava cego pela altivez de suas conquistas (v.30). O orgulho e a ingratidão não lhe deixavam perceber os caminhos perigosos por onde andava e perdeu o total controle de suas ações.


Da mesma forma, devemos nos lembrar de que, como Israel, éramos pessoas sem nenhuma perspectiva de futuro. Vivíamos ao léu deste mundo até sermos recebidos e conduzidos à posição mais privilegiada que existe: filhos do Altíssimo. Ele tratou nossas feridas e conflitos interiores. Investiu Sua Vida na nossa. Mas, todo investimento visa ao retorno, e o que Ele deseja é somente a fidelidade aos Seus Preceitos.


Tudo aquilo que recebemos como resultado da nossa união com o Todo-Poderoso deve ser usado para servi-lO. Não são poucos aqueles que têm vivido e desfrutado das dádivas Divinas como o seu tempo, saúde, prosperidade, reputação, inteligência etc. Mas em vez de usarem para Ele, usam apenas para si.


É possível que uma pessoa prospere, cresça e até manifeste uma espiritualidade exterior sem realmente manter uma vida de fidelidade interior. E não há maior engano do que aquele provocado por si mesmo. Israel sustentava o título de povo eleito, mas estava completamente perdido.


A nação caiu porque não atendeu às repreensões Divinas. O Altíssimo jamais fica passivo ao ver Seus filhos caminharem para a perdição. Sua repreensão é prova do Seu amor como Pai. Ele não deseja comunhão conosco somente dentro dos templos, mas caminhar e viver no dia a dia como num casamento.


Quanto mais profundo é o abismo de onde fomos resgatados, maior deve ser a expressão da nossa fidelidade e respeito para com Aquele que nos resgatou.


Para que uma aliança seja mantida é necessário o compromisso de ambas as partes em honrá-la. Violar a palavra dada ao Altíssimo significa assumir o risco de se tornar totalmente vulnerável ao mal. O preço da infidelidade de Israel custou a presença Divina em seu meio, sua liberdade, sua terra, o Templo e muitas vidas.


Até que houve o arrependimento e uma nova aliança foi firmada.
fontehttp://blogs.universal.org/bispomacedo/2015/04/07/a-ingratidao/

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