Abadiânia Velha permanece escondida entre matas e esquecida no tempo Surgido no século 19, distrito que já foi sede do município de Abadiânia conserva construções e costumes do período colonial. Habitantes cozinham em fogão de lenha e produzem artesanato original, enquanto produtores rurais mantêm criações de gado e cavalo
Renato Alves
Publicação: 19/01/2014 08:00 Atualização: Imagine um lugar no meio de um vale fértil, onde o clima frio leva os moradores a dormirem todas as noites sob cobertor, a maioria só come as hortaliças colhidas no fundo de casa e cozidas em fogão a lenha, os vizinhos trocam pratos de comida, ninguém lembra do último caso de roubo, nem se preocupa com o andar do relógio, os rumos da economia, os hits da internet. Nesse lugar, crianças vivem sem tablets, smartphones e videogames, adultos não sofrem estresse e os idosos são os mais respeitados. Também não há trânsito, nem poluição atmosférica, sonora ou visual. Acredite, esse lugar existe. E fica a 135km de Brasília, perto da BR-060, no caminho para a histórica e concorridíssima Pirenópolis (GO). Mas, escondido entre matas e esquecido no tempo, é desconhecido pela maioria dos brasilienses.
Nascida no fim dos anos 1800, Abadiânia Velha, ou Posse D’Abadia, já foi cidade (veja Linha do Tempo). Perdeu o status em 1963, quando políticos goianos decidiram mudar a sede do município. Estavam entusiasmados com a mudança da capital do país do Rio de Janeiro para Brasília, e do estado da Cidade de Goiás para Goiânia. E, assim como ocorreu com a antiga capital estadual, mais conhecida como Goiás Velho, a nova sede municipal, transferida para a margem da BR-060, passou a ser chamada de Abadiânia Nova, enquanto Posse D’Abadia virou Abadiânia Velha. Sem as repartições da administração municipal, ela perdeu os serviços e a maior parte dos habitantes. Onde chegaram a morar 3 mil pessoas, hoje não há mais de 550. A maioria, crianças e idosos.
Sem investimentos, sem comércio, sem serviços, sem empregos, as crianças de Abadiânia Velha vão embora quando se tornam adolescentes, para estudar e trabalhar. Assim, a população só decresce e os antigos moradores mantêm os casarões em estilo colonial e os hábitos do fim do século 19 e início do século 20.
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