Rollemberg oferece ajuda a cidades goianas na luta contra o Aedes Aegypti
Governador reúne-se com prefeitos de cidades goianas e oferece equipamentos e pessoal na luta contra o Aedes aegypti, mas vizinhos pedem ajuda financeira. Em casa, Renato Santana critica combate feito em Brasília e Rollemberg se irrita
Otávio Augusto
Pelo menos sete municípios do Entorno estão em alerta para o alto índice de contaminação de dengue. Luziânia (656), Valparaíso de Goiás (376), Padre Bernardo (188), Santo Antônio do Descoberto (166) e Águas Lindas (133) lideram o ranking de infecções — a Secretaria Estadual de Saúde de Goiás colocou as duas primeiras cidades em situação de alto risco de contágio, devido à incidência do Aedes aegypti. As autoridades sanitárias não conseguem entrar em 40% das casas nos municípios vizinhos do DF. O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) defende que o combate não tenha fronteiras e aposta em uma ação conjunta entre a capital e Goiás para debelar a crise. Entretanto, tem que lidar com os problemas de casa. Ontem, o vice-governador, Renato Santana, criticou o combate exercido na cidade, o que desagradou ao titular do Buriti.
O Executivo local quer atenuar os problemas que o avanço do inseto no Entorno possa causar na capital federal. Das residências visitadas em Valparaíso de Goiás, a 37km do Plano Piloto, por exemplo, 72,54% estavam fechadas. Isso significa que, a cada 100 casas, os agentes fiscalizaram apenas 28. Ontem, Rollemberg se reuniu com prefeitos para estabelecer critérios de trabalho. O socialista está disposto a oferecer equipamentos, como carros fumacês, e agentes de vigilância epidemiológica. Contudo, os goianos querem dinheiro. “Por enquanto, não haverá nenhum tipo de repasse financeiro. Precisamos reforçar a necessidade de uma integração cada vez maior no combate ao mosquito da dengue. As equipes vão definir na semana que vem os detalhes”, explicou o governador.
Santo Antônio do Descoberto, a 40km de Brasília, recebeu do GDF dois carros fumacês para o controle da praga. Mas o prefeito da cidade, Itamar Lemes do Prado (PDT), quer reforço no cofre público. “A ajuda com recursos financeiros seria maravilhosa. É difícil, para o município, manter com dinheiro próprio a gasolina dos veículos, a manutenção e o veneno. Não temos como pagar a folha dos agentes ambientais”, reclamou o prefeito, ao dizer que fez diversas solicitações ao DF, mas ainda aguarda resposta.
“Faltam equipamentos, insumos, pessoal e recursos (dinheiro). Na divisa, não temos muita atenção. A parceria é importante, mas é preciso entender que, dependendo do que vier, não vai resolver os problemas do município. Tem que se analisar o que já temos e o que precisamos”, ressalta a prefeita de Valparaíso de Goiás, Lucimar Nascimento (PRB), ao explicar que, na cidade, é preciso reforçar a limpeza urbana.
O secretário estadual de Saúde de Goiás, Leonardo Vilela, adianta que o planejamento financeiro é discutido entre os governos. “A situação é de alto risco, mas trabalhamos para conter o avanço da dengue. Sabemos que o DF vai disponibilizar agentes comunitários de saúde, maquinário e ajuda no recolhimento do lixo, mas outros esforços não estão descartados”, afirma Vilela.
Alerta
Os números mais recentes de dengue em Goiás mostram que, até ontem, as autoridades sanitárias notificaram 9.355 casos. O estado é líder nacional em registro de dengue por habitante em 2015. Dados do Ministério da Saúde mostram que os vizinhos do DF registraram 2,5 mil casos de dengue a cada 100 mil habitantes — alta percentual de 74,3% em relação à taxa alcançada em 2014, de 1,4 mil infecções a cada 100 mil pessoas.
Até o momento, 1,1 milhão de domicílios goianos receberam a visita dos vigilantes ambientais. Desses, 25 mil tinham focos de Aedes. A estimativa da Secretaria Estadual de Saúde é que 4% das casas goianas estejam infestadas pelo mosquito. “Nós nos encontramos diante de uma epidemia, e o período chuvoso acentua isso. O trabalho integrado é importante por causa da nossa fronteira. Há um grande tráfego de pessoas e veículos. Vamos erradicar o Aedes, essa é a nossa intenção”, acrescenta Vilela.
Em Brasília, os números apresentados pelo governo local mostraram crescimento de 153% no caso de dengue, entre 2014 e 2015. No Cruzeiro, por exemplo, a reportagem acompanhou uma inspeção na qual foram encontrados vários focos do mosquito. “A população tem que colaborar, deixar os agentes entrarem nas casas. Isso diminui o risco a todos”, aponta Alex Castro, 47 anos, motorista.
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