No jeitinho ou na força
Além da minha profissão, também atuo na política partidária como presidente nacional do PRB. Em ambas as frentes, tenho acesso não só ao que é conhecido do público, mas aos bastidores do poder.
Não tem sido fácil ser uma pessoa justa em nosso tempo. Vivemos a época dos conchavos e arranjos que beneficiam alguns poucos em detrimento de muitos. Às vezes, argumentam, é pela própria sobrevivência.
Mas mulheres e homens investidos de funções públicas, seja por concurso ou pelo voto, devem entender de uma vez por todas que a lei e a justiça são inalienáveis, seja pelo poder econômico ou pela força do cargo exercido.
Vimos na semana passada um clássico exemplo das contradições que a sociedade brasileira tem enfrentado. Uma agente de trânsito do Rio de Janeiro foi condenada a pagar indenização a um juiz que dirigia irregularmente. (Assista a reportagem do Domingo Espetacular no final)
É isso mesmo que você leu: a agente da ‘Lei Seca’ Luciana Silva Tamburini foi condenada a pagar R$ 5 mil ao juiz João Carlos de Souza Correa porque o parou na blitz dirigindo sem habilitação e sem as placas do carro.
Meu colega blogueiro do R7 Ricardo Kotcho tratou do assunto essa semana – leia aqui -, mas quero insistir no tema porque precisamos acabar com tanto desmando. O juiz valeu-se do cargo para acusar a agente de desacato.
O pior não foi o próprio autoritarismo de Correa, mas o fato de os juízes que julgaram o caso nem sequer considerar o fato dele dirigir sem habilitação e sem as placas. Luciana foi punida por simplesmente cumprir a lei.
Escrevi ontem no blog a respeito do endurecimento da legislação de trânsito. Desde o dia 1 de novembro, quem for pego disputando racha ou ultrapassando em local proibido poderá pagar multa de R$ 1.915,70.
No exato momento em que se aperta o cerco contra a imprudência e o descumprimento das leis somos obrigados a assistir um episódio como o dessa agente. Então eu pergunto: a lei só vale para o pobre?
Vamos mudar isso, Brasil. Nas pequenas atitudes do comportamento diário é que damos exemplo e influenciamos as pessoas. Para aqueles que estão no centro das atenções, como juízes e políticos, o rigor deve ser maior.
Para refletir: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.” (Rui Barbosa – 1914)
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