Do G1, em São Paulo
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O vice-presidente do Senado da Itália e membro do partido xenófobo Liga Norte, Roberto Calderoli, pediu perdão nesta terça-feira (16) à ministra de Integração, Cécile Kyenge, congolesa, por tê-la comparado a um orangotango, mas afirmou que não renunciará.
Em uma breve declaração, Calderoli afirmou que fez "uma bobagem" e disse que nunca mais atacará nenhum adversário político com ofensas desse tipo, que classificou como "execráveis".
No entanto, o político aproveitou a ocasião para reafirmar que não tem intenção alguma de renunciar e que continuará criticando a política de "um governo que permite a entrada de imigrantes ilegais".
No sábado, durante uma reunião de seu partido em Treviglio (norte), Calderoli, conhecido por suas declarações polêmicas, declarou que a ministra "faz bem de ser ministra, mas deveria o ser em seu país (...) Eu me consolo quando navego na internet e vejo as fotos do governo. Adoro animais (... ), mas quando vejo imagens de Kyenge, não posso deixar de pensar em suas semelhanças com um orangotango, mesmo que eu não diga que ela seja um deles".
Essas declarações imediatamente repercutiram nas redes sociais, provocando uma onda de indignação.
No domingo, em um comunicado oficial, o premiê italiano, Enrico Letta, reagiu pessoalmente: "as palavras que apareceram hoje na imprensa e atribuídas ao senador Calderoli sobre Cecile Kyenge são inaceitáveis e ultrapassam qualquer limite".
Em um comunicado, ele também expressou "sua plena solidariedade e apoio à Cecile".
O presidente do Senado, Pietro Grasso, exigiu desculpas formais de Calderoli, que disse que estava apenas fazendo "uma brincadeira".
Cecile declarou domingo à agência de notícias Ansa que "não toma pessoalmente as palavras de Calderoli, mas elas me entristecem por causa da imagem que dão à Itália". 'Eu acredito que todas as forças políticas devem considerar o uso que fazem da comunicação".
Em 2006, Calderoli precisou renunciar sob o governo Berlusconi após se exibir com um camiseta anti-islã sobre Maomé.
Desde sua nomeação, Kyenge precisou enfrentar várias manifestações hostis por parte da Liga do Norte, um partido aliado ao Povo da Liberdade de Silvio Berlusconi.
Desde sua posse, no final de abril, a ministra foi alvo de agressões verbais e até ameças de morte postadas em sites racistas e em sua página oficial no Facebook.
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