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terça-feira, 1 de março de 2022

Em 2018, ONU condenou por 130 a 2 a glorificação do nazismo. Só EUA e Ucrânia foram contra


Em 2018, ONU condenou por 130 a 2 a glorificação do nazismo. Só EUA e Ucrânia foram contra

Com apoio dos EUA, grupos neonazistas deram golpe na Ucrânia em 2014 (Foto: reprodução)
A mesma Assembleia Geral da ONU que derrotou os EUA e a Ucrânia em 2018, rejeitando o nazismo, está reunida nesta segunda-feira (28) para analisar as consequências do apoio às viúvas de Hitler

A Assembleia Geral da ONU está reunida nesta segunda-feira (28) para discutir o conflito entre a Ucrânia e a Rússia. Os Estados Unidos, um dos incendiários da guerra, através do avanço da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em direção às fronteiras russas, apresentou uma resolução no Conselho de Segurança da ONU contra a Rússia.

A intenção do governo dos Estados Unidos com a convocação da assembleia extraordinária da ONU, fato pouco usual, é mostrar ao mundo que pode arrastar um grande número de países para condenar a operação especial de desnazificação e desmilitarização da Ucrânia, iniciada por Putin na semana passada.

A Assembleia Geral deve aprovar a posição americana, mas apenas de forma simbólica já que ela não tem poder de desdobrar suas resoluções em ações concretas.

Esta norma da ONU se manifestou também em 2018, quando a Assembleia Geral aprovou uma resolução contra a glorificação do nazismo por ampla maioria e não houve consequências práticas. A favor da resolução votaram 130 países e apenas dois governos foram contra.

Curiosamente, os dois países que defenderam a glorificação do nazismo foram exatamente os Estados Unidos e a Ucrânia. O primeiro alegando defesa da liberdade de expressão e, o segundo, sob o argumento de que estavam deturpando fatos históricos.
Manifestação de ucranianos de extrema direita em Kiev, em 2015, com faixa de apoio a Stepan Bandera, que colaborou com os nazistas (reprodução)

Os EUA apoiaram o golpe de Estado na Ucrânia em 2014, que derrubou um presidente eleito. A ação foi financiada pelos EUA e conduzida pelos grupos neonazistas. Os seguidores de Stepan Bendera, um colaborador de Hitler na Ucrânia durante a invasão nazista, foram alçados a cargos no governo.

Diante da recusa da União Europeia em apoiar a colocação de nazistas no governo ucraniano pelos Estados Unidos, a representante do Departamento de Estado, Victória Nuland, respondeu com uma frase que ficou famosa: “foda-se a União Europeia”. Esses grupos foram integrados ao governo golpista e passaram também a fazer parte das Forças Armadas da Ucrânia.

Participando do governo da Ucrânia e tendo os EUA como financiador e protetor, os nazistas ucranianos começaram a barbarizar. Iniciaram a perseguição a judeus, comunistas, negros, pobres, homossexuais e cidadãos de etnia russa. Com métodos violentos, intimidaram instituições e passaram a reprimir a população que não aceitou o golpe.
Duas regiões à leste, Lugansk e Donetsk, se rebelaram e foram violentamente atacadas pelos nazistas. Mais de 13 mil pessoas já foram mortas na região.

Logo após o golpe de 2014, o FMI (Fundo Monetário Internacional), controlado pelos EUA, ofereceu à Ucrânia um empréstimo de US$ 17 bilhões. O empréstimo tinha uma condição para ser liberado: o controle do país pelo novo governo e o massacre dos rebeldes do leste.

Os nazistas começaram a bloquear estradas e a impedir a chegada de alimentos e combustíveis tanto na Crimeia quanto na região do Donbass.

Um dos momentos de maior violência dos nazistas se deu na cidade de Odessa onde eles repetiram métodos usados por Hitler contra aldeias ocupadas. Os neonazistas incendiaram um prédio com centenas de pessoas presas no seu interior. Os que tentavam fugir eram mortos a tiros ou linchados. Ao final, foram 42 pessoas carbonizadas vivas dentro do prédio. Até hoje os responsáveis por esse crime hediondo não foram punidos.

Somente depois do massacre de Odessa, descrito acima, foram liberados os primeiros US$ 3 bilhões do empréstimo oferecido pelo FMI. A autoria desta ato genocida em Odessa foi de organizações como “Batalhão Azov”, Svoboda e Setor Direito, todas organizações neonazistas apoiadas pelos EUA.

O ressurgimento do nazismo na Ucrânia e seu incentivo pelos EUA são as causas mais de fundo desta guerra. A condição para a paz, segundo Wladimir Putin e o presidente do PC da Federação russa, Gennady Andreevich Zyuganov, é a completa desnazificação e a desmilitarização da Ucrânia.

SÉRGIO CRUZ

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