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quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Novo pesadelo judicial de Lula se chama Zelotes: sentença deve sair até abril Ex-presidente, condenado no processo do tríplex, será interrogado no mês que vem pelo juiz Vallisney de Oliveira, de Brasília, considerado tão linha dura quanto Sergio Moro



Mal se recupera da condenação no processo do tríplex do Guarujá, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já tem um novo encontro marcado com a Justiça Federal, desta vez em Brasília, no dia 20 de fevereiro. Ele vai ficar frente a frente com o juiz Vallisney de Souza Oliveira, considerado tão linha dura quanto o juiz da Lava jato Sergio Moro.

 | Miguel Schincariol/
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Lula é réu em dois processos no âmbito da Operação Zelotes: um sobre a suposta venda de medidas provisórias (MPs) para beneficiar o setor automotivo e outro sobre a aquisição de caças suecos – este último é o que motivou a Justiça Federal a apreender o passaporte de Lula na noite desta quinta-feira (25).

Vallisney é discreto, de poucas palavras e poucas aparições públicas – mas costuma ser rigoroso aos proferir suas decisões. Além da própria operação Zelotes, estão nas mãos do juiz casos derivados das operações Greenfield, Panatenaico, Cui Bono? e Sépsis. Vallisney já foi chamado de "juizeco" pelo então presidente do Senado em 2016, Renan Calheiros (PMDB-AL), insatisfeito com decisão que autorizou prisões de quatro agentes da Polícia do Senado e a apreensão de documentos e equipamentos no local sob a suspeita de uma tentativa de atrapalhar a operação Lava Jato.

Foi ele, também, que em julho de 2012 arquivou o processo do caso Erenice Guerra (braço direito da ex-presidente Dilma Rousseff, quando esta chefiou a Casa Civil e sua sucessora na pasta) a pedido do Ministério Público Federal, que alegou “não encontrar nada que desse embasamento a uma denúncia criminal”.
Do que Lula é acusado?

O petista é acusado de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa na investigação que apontou indícios sobre a venda de medidas provisórias e de tráfico de influência e corrupção passiva na compra dos caças Grippen. Neste último, o Ministério Público Federal acusa o filho dele, Luis Cláudio Lula da Silva, de ter recebido propina graças ao pai. Os advogados do petista afirmam que a "denúncia ofertada é fruto de devaneio de alguns membros do Ministério Público que usam das leis e dos procedimentos jurídicos como forma de perseguir Lula e prejudicar sua atuação política”.

No processo da venda de MPs, a Polícia Federal apurou que a MP 471, a “MP do Refis”, estendeu a vigência de incentivo fiscal às montadoras e fabricantes de veículos instalados nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O benefício, que acabaria em 31 de março de 2010, foi prorrogado até 31 de dezembro de 2015. A Luís Cláudio, o filho, são atribuídos os crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Também são réus neste caso os ex-ministros Gilberto Carvalho e Erenice Guerra, além do empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, do grupo Caoa e o ex-presidente ex-presidente da Mitsubishi, Paulo Ferraz.



Lula

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Já no caso dos caças, que é o que está em estágio mais avançado, procuradores e investigadores da PF sustentam que o ex-presidente recebeu R$ 2,5 milhões de propina do casal de lobistas Mauro Marcondes Machado e Cristina Mautoni. Eles também são réus na ação na Justiça Federal.

Essa cifra, segundo o Ministério Público, foi dedicada a Lula a pretexto de influenciar a prorrogação, pelo governo, de incentivos fiscais a montadoras de veículos e a compra dos caças Gripen, da sueca Saab, por US$ 5,4 bilhões. Este processo já está tão avançado que uma sentença, condenatória ou de absolvição, é esperada até meados de março ou abril deste ano.
Como o petista se defende na Zelotes?

Por enquanto, a principal linha de argumentação da defesa é alegar que as acusações apresentadas na Justiça em Brasília “seguem a mesma lógica das demais, pois não se baseiam em elementos concretos, mas em hipóteses delirantes e sem qualquer materialidade”.

Na prática, os advogados de Lula querem ganhar tempo e por isso tentavam que o interrogatório do ex-presidente não fosse marcado já para fevereiro. Alegam que o processo sobre suposto tráfico de influência e corrupção na compra dos caças Grippen ainda precisa cumprir algumas cartas rogatórias, quando é necessário ouvir pessoas fora do país ou em localidades fora de Brasília.

“Já foram ouvidas mais de 60 testemunhas, de acusação e defesa, e não há qualquer elemento que possa sustentar as acusações contra Lula”, argumenta a defesa do ex-presidente.

"Nem o ex-Presidente Lula nem seu filho participaram ou tiveram conhecimento de qualquer ato relacionado à compra dos aviões caças da empresa sueca SAAB, tampouco para a prorrogação de benefício fiscais relativos à Medida Provisória nº 627/2013, convertida na Lei nº 12.973/2014. Luis Claudio recebeu da Marcondes & Mautoni remuneração por trabalhos efetivamente realizados e que viabilizaram a realização de campeonatos de futebol americano no Brasil. Afirmar que Lula interferiu no processo de compra dos caças em 2014 significa atacar e colocar em xeque as Forças Armadas Brasileiras e todas as autoridades que acolheram o parecer emitido por seus membros”, dizem em nota os advogados de Lula.

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