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terça-feira, 7 de outubro de 2014

DELEGADO WALDIR É CAMPEÃO DE VOTOS EM GOIÁS: 'RESPOSTA À CRISE'


DELEGADO WALDIR É CAMPEÃO DE VOTOS EM GOIÁS: 'RESPOSTA À CRISE'


Tucano foi o deputado federal mais bem votado na história do estado.
Popular nas redes sociais, ele diz que é preciso melhorar a segurança.



Com 274.625 votos, o delegado Waldir Soares (PSDB) foi eleito deputado federal por Goiás e comemora a marca de mais bem votado na história do estado. Com a campanha voltada ao tema da segurança pública, ele atribui a vitória a sua experiência profissional e a proximidade com os eleitores. “Isso é uma resposta à crise política e de segurança que vivemos. As pessoas me conhecem, sabem do meu trabalho, e sabem que vou representá-las. Eu traduzo o que o povo pensa”, disse o delegado em entrevista ao G1, na manhã desta segunda-feira (6).
Nas eleições de 2010, Waldir Soares também concorreu como deputado federal e conseguiu pouco mais de 40 mil votos, sendo eleito suplente. Ele chegou a assumir o cargo por quatro meses. Neste ano, ele surpreendeu o cenário político e abriu margem de quase 100 mil votos em relação ao segundo candidato mais bem votado à Câmara dos Deputados, Daniel Vilela (PMDB), que obteve 179.214 votos.

O resultado das urnas também fez o delegado assumir o novo recorde de votação do estado, desbancando Iris Araújo (PMDB), que era a detentora do título em função dos 201 mil votos que obteve nas eleições de 2006.

“Minha campanha não foi de gabinete. Percorri mais de 70 cidades goianas, em mais de 12 mil quilômetros, e mostrei minha cara. Em cima de uma caminhonete, andei por vielas, lugares conhecidos pela criminalidade, onde nenhum político pisa. Minha campanha teve calos nas mãos e braços queimados de sol, ela representou a inovação”, ressaltou o delegado.

O tucano diz que, dez dias antes do fim da campanha, chegou até a ser ameaçado por criminosos, mas não desistiu. “Estava circulando por Goiânia, na caminhonete, quando dois indivíduos em uma motocicleta começaram a me ameaçar. Continuei falando no microfone e disse que eles deveriam ser presos pela atitude. Aí eles se aproximaram ainda mais e eu acabei pulando do veículo. Torci meu pé e sinto dores até hoje, mas não parei de fazer minha campanha”, disse.

Ele ressaltou que, por ser delegado, sabia dos riscos que corria com a exposição pública. “Prendi muita gente que infelizmente já está de volta nas ruas. Mas isso não me intimidou e eu precisava estar próximo do povo. E isso fez toda a diferença”.

Redes sociais

Outro fator fundamental para a campanha, segundo Waldir Soares, foi o uso de redes sociais. O delegado tem mais de 328 mil seguidores na sua página no Facebook.
“São poucos os políticos que têm um número como esse, mas eu faço por merecer. Leio todas as reportagens divulgadas na imprensa, especialmente as relacionadas a problemas na segurança pública, e informo meus seguidores sobre as medidas necessárias para resolver tais situações”, contou.

Para o deputado federal eleito, a internet é uma aliada para manter essa proximidade com a população. “As redes sociais me deixam próximo dos meus eleitores e eles mais próximos de mim. Fiz a campanha sozinho, com apoio de um grupo de amigos, e o contato pela internet foi fundamental”, ressaltou.

Polêmicas

Waldir Soares tem 50 anos, é casado e tem três filhos. Paranaense, ele mudou para o estado de Goiás em 2000, quando passou no concurso público para delegado. Soares começou atuando em cidades do Entorno do Distrito Federal, como Novo Gama, Luziânia, Águas Lindas de Goiás e Planaltina de Goiás. Mais tarde, passou a atuar em Goiânia e ficou conhecido por se envolver em polêmicas.
Em uma das suas primeiras operações já no comando da Região Noroeste da capital, o delegado prendeu 22 duas pessoas suspeitas de tráfico, incluindo grávidas e cadeirantes. Na época, ao ser questionado, ele disse que “o crime não tem rosto”. Antes das eleições, ele atuava como titular do 8º Distrito Policial, no Setor Pedro Ludovico.

O novo deputado diz que não tem medo de se envolver em polêmicas. “Tenho uma história de vida, construída para atingir objetivos. Venho de uma família pobre, sou o único com nível superior de cinco irmãos, e sempre batalhei muito para chegar até aqui. Meus princípios serão mantidos e vou lutar por aquilo que considero o ideal”, ressaltou.

Projetos

Com os slogans de campanha “Tolerância Zero” e "45 do calibre e 'zero-zero' da algema para o bandido”, o delegado Waldir diz que pretende defender os interesses dos goianos principalmente no ramo da segurança pública. “Claro que teremos outros temas para tratar, mas esse é onde tenho experiência e vou dar contribuições positivas”, disse.

Um dos pontos que ele defende é a redução da maioridade penal. “Mas não com esse modelo falido que já é discutido hoje. Penso que ela deve levar em conta a inteligência de caráter lícito, ou seja, o entendimento do menor sobre o crime que ele cometeu. Isso já acontece em outros países e funciona. Além disso, os adolescentes precisam ter caráter de preso e permanecerem em locais próprios, onde haverá divisão por idade e tipo de crime. Eles precisam de atividades e não de privilégios”, afirmou.
Outra bandeira do delegado são mudanças no Código Penal Brasileiro. “Precisamos de reforma, pois não adianta a polícia prender o criminoso e ele ser liberado pouco depois. Defendo que o bandido tenha que indenizar a vítima financeiramente pelo dano causado e que fique preso até cumprir com essa obrigação. Além disso, tem que trabalhar no presídio e pagar diárias por ficar lá. O cidadão de bem não pode ficar custeando a estadia dele na cadeia, ou então vira vítima duas vezes”.

Waldir Soares destacou, ainda, que o estado de Goiás precisa de novos presídios. “Estive nas cidades do Entorno do Distrito Federal e presenciei a insegurança da população. Lá os juízes têm que soltar os criminosos por falta de cadeia. Sei que precisamos de creches, escolas integrais, hospitais. Mas os presídios também são necessários e seriam mais efetivos se fossem agrícolas ou industriais, para que os presos trabalhem. Tem dinheiro para isso, basta ser bem aplicado”.

O combate às drogas também recebe atenção do deputado federal eleito. “A droga tem que ser combatida na origem, na plantação e produção. Não adianta a polícia ficar fazendo um trabalho de gato e rato com traficantes. O Brasil não quer se indispor com outros países onde essa origem se destaca, mas chegou a hora de tomar uma atitude, já que as drogas de lá são trazidas para cá. Hoje a maioria dos homicídios tem alguma ligação com o tráfico e precisamos fazer alguma coisa”, destacou.

O delegado agradeceu ao apoio dos eleitores e disse que fará o possível para fazer um bom mandato. “Espero inovar, mudar a forma com que a política é feita hoje”, concluiu.

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