Marconi culpa José Luis Bittencourt pela reprovação do governo
Queda na popularidade, denúncias de censura à veículos, perseguição a jornalistas e insatisfação entre os próprios secretários fazem governador demitir José Luiz Bittencourt e chamar um executivo.
Quando termina a guerra, o exército vencedor ocupa o terreno, o perdedor recua. E cabe ao vitorioso a generosidade para com o vencido, senão, a guerra será permanente, ou seja, “calados os canhões, faça-se a paz!”. Na política isto traduz-se numa frase:”Depois que as urnas falam, todos devem descer do palanque!”
Em Goiás não foi assim. Uma política de campanha permanente contra a oposição foi levada à cabo pelos responsáveis pela comunicação do governo. No cerne deste movimento: perseguição feroz aos integrantes do governo anterior e pente fino nas redações. Esta política de terrorismo midiático foi conduzida por uma famíia: os irmãos José Luis Bittencourt, João Bosco Bittencourt e Paulo Bittencourt. O resultado é que ao longo dos 26 meses de atuação desta equipe a popularidade do governador Marconi Perillo (PSDB) desceu a ladeira, ficando abaixo da popularidade do ex-governador Alcides Rodrigues (PP), alvo de intenso massacre midiático comandado pelo trio.
Censura
A Agecom sob a presidência de José Luis Bittencourt elevou os gastos à extratosfera, mas foi seletiva: generosa com os veículos submissos e com os jornalistas que serviam de cabo-de-chicote, impediedosa com aqueles profissionais de imprensa e com as mídias com um mínimo de censo crítico.
Na Assessoria de Comunicação, João Bosco Bittencourt partiu para cima dos jornalistas que faziam críticas aos desmandos ocorridos no governo.
Na Assembléia Legislativa, Paulo Bittencourt reprimiu os profissionais da Casa que destoavam do pensamento dominante.
Vários jornalistas e radialistas teriam sido demitidos a mando da familia. A jornalista Sueli Arantes perdeu o emprego no jornal O Hoje, onde fazia a Coluna Xeque Mate. Ela foi uma das primeiras a denunciar o autoritarismo do trio. O radialista Altair Tavares e jornalista Vassil Oliveira foram demitidos da Rádio 730; tempos depois, contratados pela Rádio Luz da Vida, foram alvo outra vez da perseguição bittencourista. A jornalista Lênia Soares, perdeu o emprego no jornal Diário da Manhã. A perseguição bittencourista fez o governador abrir um processo contra a jornalista, que trabalha agora no portal Diário de Goiás. A ação digna dos tempos mais obscuros da ditadura militar foi registrada na coluna de Ilimar Franco, do jornal O Globo, sob o título Censura em Goiás:
“O governador Marconi Perillo (PSDB-GO) conseguiu uma liminar na Justiça proibindo uma jornalista de seu estado de escrever seu nome, sob pena de pagar multa diária. A decisão é da juíza Luciana Silva. Marconi se sentiu ofendido por textos de Lênia Soares, críticos à sua gestão e às relações obscuras com o contraventor Carlos Cachoeira”.
José Luis Bittencourt também passou a queixar-se da cobertura jornalística feita pelo jornal O Popular. O resultado é que a jornalista de Fabiana Pulcinelli foi acionada por uma interpelação judicial no dia 22 de maio de 2012.
Em Anápolis, a vítima foi o jornalista Henrique Morgantini, do jornal O Anápolis, que foi processado com pedido de indenização, no dia 29 de maio.
Esta política levou advogados do governador a abrir processos contra blogueiros e twitteiros, como no caso de Cloves Reges Maia, que foi interpelado pelo governador Marconi Perillo (PSDB). Clovis tuitou:
“Com R$71 milhões em publicidade, Marconi minimiza seus escândalos e cria factoides para trazer p/ águas do Cachoeira, a oposição omissão!”
O último episódio de perseguição dos censores do “tempo novo”, foi contra o jornalista Batista Custódio do jornal Diário da Manhã. O decano do jornalismo goiano denunciou os irmãos Bittencourt e seus asseclas na série de artigos “Manifesto à vida I e Manifesto à vida II”, onde narra tentativas de censura ao DM, além do garrote financeiro. Para se ter uma idéia, o DM, que é um jornal diário, recebeu em determinado período menos que o semanário O Gol, de propriedade de um amigo do deputado estadual Túlio Isac (PSDB).
Fogo amigo
Site Goiás 24 Horas, criação bittencouriana para atacar desafetos dentro e fora do governo
Dentro do governo era crescente o descontentamento com o “trabalho” da família, em parte porque vários secretários foram alvo das maldades plantadas pelo trio em colunas e blogs de jornalistas ao seu serviço. Entre os que se ressentiram da belingerância bittencouriana estão os secretários Vilmar Rocha (Casa Civil), Giuseppe Vecci (Planejamento) e Jaime Ricon (Agetop).
O clima de ojeriza ao governo aumentando nas redações, a insatisfação dentro do próprio governo e as pesquisas indicando queda constante na sua popularidade fizeram o governador tomar sua decisão. Pelo twitter, Marconi Perillo anunciou o novo presidente da Agecom:
“O executivo Igor Montenegro é o novo presidente da Agecom. O critério de escolha foi técnico, da minha cota pessoal, sem indicação política. Igor Montenegro é um executivo experiente na gestão privada com passagem pelo setor púbilco e tem toda a minha confiança”, justificou Marconi.
De uma só vez o governador Marconi Perillo deu dois recados: O primeiro, de que agora tem confiança no titular da Agecom, pois não é indicação de outro político, numa referência clara ao apadrinhamento feito pelo ex-deputado Jardel Sebba aos irmãos Bittencourt. O segundo é que faltou gestão, competência, por isto chamou um executivo.
Pesquisa
Quando o jornal O Popular divulgou no dia 6 de março a pesquisa Serpes mostrando Marconi Perillo com 36,7% de reprovação em Goiânia, o governador não titubeou e pôs a culpa dos índices negativos nos ex-auxiliares da Comunicação:
“Não fomos capazes, ainda, de comunicar à sociedade goiana, de forma concreta e eficiente, o que já estamos realizando em Goiânia, bem como o que faremos daqui até o final de 2013”, disse Marconi.
Igor Montenegro tem pela frente a missão de consertar o estrago feito pelo açodamento dos irmãos Bittencourt. Nas redações pairam reclamações contra o governo, fruto da censura e perseguições. Ao novo gestor da Comunicação serve o alerta da pesquisa Serpes de que táticas da época da ditadura (censura, processos contra jornalistas, pedidos de demissão de críticos na imprensa) não funcionam num mundo que está cada vez transparente e mais conectado às redes sociais.
Serpes, agosto 2010, Goianiense avalia Alcides: 35% bom, 4,5% ótimo(39,5% aprovam); 12,3%, ruim e 7,3% péssimo (19,6% reprovam)
FONTE>>>http://www.onzedemaio.com.br/portal/2013/03/12/com-rejeicao-em-367-marconi-muda-agecom/