Jose Álfio Álfio-Via Facebook
O ultimo condenado
ÚLTIMO CONDENADO À MORTE NO BRASIL FOI ENFORCADO EM LUZIÂNIA
Luziânia escreveu um triste capítulo na história do nosso país. A última condenação de um homem livre a pena de morte pela Justiça civil brasileira ocorreu na cidade, quando ainda era denominada Santa Luzia. Segundo Gelmires Reis, o senhor José Pereira de Souza de 40 anos, recebeu a sentença por tentar assassinar um barão. José era amante de Maria Nicácia, mulher desse barão. Para ficarem juntos, eles planejaram matá-lo, mas o plano não deu certo. O barão sobreviveu e José e Maria fugiram para cidade de Goiás. Encontrados por policiais, acabaram condenados à forca.
Seis militares levaram José Pereira e Maria Nicácia da cidade de Goiás para Santa Luzia, em 29 de agosto de 1857. Condenados, voltaram para Goiás em 29 de setembro e ficaram presos na cadeia local e sem um tribunal superior, eles apelaram ao imperador D. Pedro II. José e Maria pediram o perdão, poder restrito ao monarca, caso conseguissem, teriam a morte substituída pela prisão perpétua.
O andamento dos recursos durou quatro anos, até que veio o veredito, em 1861. Apenas Maria conseguiu o abrandamento da pena. Como seria o primeiro caso de enforcamento no arraial, as autoridades tiveram que preparar um espaço para o cumprimento da pena. Escravos levantaram a forca ou cadafalso - estrutura de madeira, usada para a execução em público, seja por enforcamento, degolação ou outra forma -numa área descampada de cerrado onde se localiza o bairro Vila Santa Luzia. Por décadas, esse mesmo lugar era conhecido como Campo da forca.
Todo o arraial acordou cedo em 30 de outubro de 1861. Os moradores ansiosos assistiriam à primeira e única execução oficial da cidade. José Pereira de Souza deixou a cadeia do povoado logo após almoçar, fez o percurso, do presídio até a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, acompanhado por uma silenciosa multidão. Dentro do templo, o obrigaram a cavar a própria sepultura, a de número 9. Em seguida, o levaram ao cadafalso, onde se confessou e recebeu a comunhão. Às 13h, o condenado se voltou em direção ao lugar da forca e foi empurrado para a morte.
A sepultura do lavrador José Pereira de Souza, fica em frente à porta da Igreja do Rosário, igreja usada principalmente por negros. No entanto, não há documento e nem testemunha que explique a razão de Souza ter sido enterrado na Igreja do Rosário, pois ele era um homem livre. Historiadores sustentam que seria um castigo a mais ser enterrado neste local. A forca foi demolida logo após a execução, conforme determinava a lei.
A história da última condenação de um homem livre à pena de morte no Brasil foi recuperada, por meio de alguns documentos e relatos de moradores antigos no início do século 20, pelo nosso professor e historiador Gelmires Reis.
Fontes: Livro Almanach de Santa Luzia de Gelmires Reis e Correio Braziliense
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