Após denúncia de fiéis, polícia indicia pastores por venda ilegal de igreja em Goiânia
Segundo delegado, pastores fraudaram assembleia alegando que haveria somente a união entre dois templos, mas investigação apontou pagamento de R$ 80 mil. Religiosos negam crime.
Por Sílvio Túlio, G1 GO
A Polícia Civil indiciou dois pastores por estelionato na venda ilegal de uma igreja evangélica, em Goiânia. Segundo o delegado, Isaías Pinheiro, responsável pelo caso, eles fraudaram uma assembleia para autorizar a comercialização do imóvel com todo o mobiliário alegando, no entanto, que haveria somente uma união entre os dois templos. Os fiéis afirmam que ajudaram na compra de vários itens, como aparelhos de som e bancos. Os envolvidos negam o crime.
A investigação começou em março deste ano após denúncia dos próprios fiéis. De acordo com o delegado, em 2013, o pastor Valtuir Martins Ferreira vendeu a Igreja Batista da Vila União para o bispo Gilmar Martins, que representava a Igreja Luz Para os Povos, no mesmo setor. No entanto, eles não trataram o negócio como uma venda.
"Houve o golpe, o estelionato. O pastor vendeu a igreja de 'porteira fechada', inclusive com os fiéis. Ele fez uma reunião e os induziu ao erro, dizendo que não estava vendendo a igreja alegando que haveria apenas uma união entre os dois templos", explica.
O delegado, que considera o caso "inusitado", acredita que os religiosos agiram em conluio, pois o imóvel, com tudo que havia dentro, é avaliado em cerca de R$ 400 mil, mas a venda foi concretizada por somente R$ 80 mil.
Fiel procurou a polícia
Desde que a negociação foi concretizada, a igreja está fechada e não recebe mais celebrações. Neste ano, a aposentada Maria de Jesus Dias de Araújo, de 70 anos, decidiu denunciar o caso à polícia para poder voltar a frequentar a igreja.
"Eu me batizei nesta igreja em 1978, era uma igreja tradicional. Aí veio esse pastor e acabou com tudo. Ele disse que era uma união e todos assinaram o documento na assembleia, mas era a venda para outro pastor", disse ao G1.
Segundo fiéis, igreja foi vendida após pastores fraudarem assembleia (Foto: TV Anhanguera/Reprodução)
Ela afirma ainda que muitos dos 300 fiéis, que na época frequentavam a igreja, ajudaram financeiramente para montar o templo.
"Queremos que ele devolva a igreja com tudo, os bancos, a cozinha completa, o púlpito. Minha irmã mesmo usou todo o dinheiro que recebeu de umas férias para comprar o aparelho de som", afirma, revoltada.
Respostas
À TV Anhanguera, os dois envolvidos negaram as acusações. Valtuir disse que assumiu a Igreja Batista em 1997 e que em 2001, uma assembleia decidiu pela união com a Igreja Luz Para os Povos. A documentação foi chancelada em 2013.
No entanto, o pastor afirmou que não houve, de fato, uma venda e que ninguém pagou ou recebeu dinheiro na situação.
Já Gilmar afirmou apenas que a união entre as duas igrejas foi feita conforme o que está previsto em lei.
G1 Goiás.
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