POPPER E A SUA VISÃO DE MUNDO
Karl Raimund Popper, cientista renomado nascido em 1922, Himmelhof, Viena de Áustria, naturalizado Britânico. Doutor em filosofia pela universidade de Viena foi considerado por muitos o mais brilhante da epistemologia. Haja vista a ascensão nazista, descendente de Judeus, durante a segunda guerra mundial emigrou-se para Nova Zelândia. É evidente que Popper tenha sido criado em ambiente culto da alta sociedade da época que lhe influenciou de forma significativa quanto ao seu modo de ser, estar e pensar o mundo. Seu currículo e sua trajetória multifacetados refletem a postura e atitude de um incessante questionador ante a realidade diante de sua conduta humana dinâmica, direcionada ao “Justo e perfeito’ na busca e construção de um mundo melhor. É evidente que por influência e abito familiar, que os livros já fizessem parte de sua vida muito bem antes de que os pudessem ler. Vivia num ambiente de muitos livros diante de vastas coleções e preciosidades bibliotecárias onde, filósofos, sociólogos, historiadores e autores renomados do período helénico, oitocentista e novecentista. Inspirava se e nutria de uma grande admiração pelo seu pai, jurista renomado culto e altamente capacitado de uma versatilidade intelectual não confinável a suas atividades jurista, evidencias que um atuante pacifista, filantropo, voltado a causa humanista um trabalhador de afinco em múltiplas comissões sociais. Por herança materna o bom gosto pela musica inspirado nas canções dedilhados por sua mãe cujo inegável talento levou-lhe a apreciar a música clássica, graças a esse talento que o levou em suas reflexões e múltiplos questionamentos, pensamentos dogmáticos e pensamentos críticos, objectividade-subjectividade e a pobreza no historicismo e cultura. A infinidade do espaço, a origem da vida e o significado real das palavras foram objetos de suas reflexões e questionamentos.
Em suas confabulações a última temática, junto ao seu pai discutiu a nível de exortação “ ante essencialista", o que mais tarde foi o ponto de partida para sua epistemologia. Quando a ciência era quase um consenso e a aclamação de filósofos em suas palavras tida como irrefutável, Popper contrapôs:
" Nunca tomes a sério os problemas acerca das palavras e seus significados. O que há-se tomar-se a sério são as questões de facto e as
asserções sobre os factos: teorias e hipóteses; os problemas que resolvem; e os problemas que propõem".
Diante das circunstâncias da vida, mediante o fim de uma grande guerra, o caos , a pobreza, a invasão nazista, os acontecimentos que muito influenciaram na sua formação moral e intelectual. Popper já com seus dezesseis anos já vivenciara o suficiente para ter um posicionamento a respeito da vida em seus questionamentos.
Em jeito de confissão Popper revelou:
"Tinha cumprido os dezesseis anos quando acabou a guerra, e a revolução incitou-me a levar a cabo aminha própria e privada revolução".
Diante desse contesto e por um pequeno período de tempo, Popper foi operário e com isso nutriu uma grande admiração e sentimentos ante aos movimentos sociais, alicerçado na “liberdade, Igualdade e Fraternidade”. Diante da crescente crise, falta de recursos e reconstrução, discussões, leituras, estudos, debates públicos se tornaram comuns e a solução e busca por um mundo melhor o fascinava. Por outro lado, a temática de que os judeus eram grandes problemas para os nazistas que cresciam e ganhavam campo, seus pais mesmo sendo judeus já haviam aceitados o batismo numa igreja Luterana. O antissemitismo propagado pelo Partido nacionalista Germânico e Partido Católico em suas ideologias fomentavam a violência entre a população em seus sentimentos tribais gerando conflitos. Diante dos fatos e acontecimentos Popper manifesta sua indignação e em suas palavras condenava as rivalidades entre os seres humanos, que por ideologias partidárias se tornavam inimigos entre si causando violência e morte tudo em nome de uma política partidária nacionalista, socialista ou marxista.
Diante das incitações de ódio e violência entre partidários Popper simpatizante do Partido Socialista Liberal, sempre se opôs claramente a ideologia preconizada pelos partidos antissocialistas da época tornou-se “comunista”. Sua militância foi curta e marcada por um incidente que o mudou por completo. Numa manifestação pacifica com intuito de libertação de alguns presos comunistas em Horlgasse, ficou traumatizado com a violência gerada no protesto em que manifestantes em confronto com a polícia foram mortos com isso auto responsabilizou-se, pelo menos em parte, na qualidade de marxista. Num atrito de consciência e em suas reflexões proferiu as seguintes palavras:
"Experimentava um sentimento de responsabilidade, porque eu pensava que se tem o direito de se sacrificar a si mesmo, de pôr a própria vida em perigo; mas nós tínhamos encorajado outras pessoas a afrontar o risco e a tirar partido dele. E isso, nós não tínhamos o direito de o fazer".
A associação dogmática partidária, daquilo que se conhece de forma obscura parcial e superficialmente em seus objetivos, sacramentado por um juramento de fidelidade de militantes que arriscam sua integridade física e vida por um sonho denota-se um agravante e grotesco erro por parte de intelectuais cujo conhecimentos lhes aferem o dever e responsabilidade acrescida a sociedade.
Exortado pelo peso de sua consciência mediante ao agravante dos fatos em sim Popper confessou seu grave erro com essas palavras:
"Surpreendeu-me ter que admitir diante de mim mesmo que não só tinha aceitado de modo um tanto acrítico uma teoria complexa, como de fato tinha captado uma boa parte do que havia de erróneo, tanto na teoria como na prática do comunismo"
Tal experiência que mudou por completo a vida de Popper o levou a se tornar um anticomunista, antimarxista o despertando a aprofundar seus conhecimentos e estudos a ideologia marxista, sendo que extemporaneamente em 1935 de forma incisiva teceu comentários e críticas as ideias defendidas por Karl Marx:
"Apesar dos seus méritos, creio que Marx foi um falso profeta. Foi um profeta do curso da história e as suas profecias não se realizaram. Esta não é, porém, a minha principal acusação. Muito mais importante é o ele ter induzido em erro dezenas e dezenas de pessoas inteligentes, fazendo-as crer que a profecia histórica constitui o método científico de abordar os problemas sociais"
Não bastava o dogmatismo e as características rudes e grotescas do comunismo em suas doutrinas o marxismo além de alienar as pessoas as tornam extremistas. Popper afirmou que:
" O encontro com o marxismo foi um dos principais eventos do meu desenvolvimento intelectual. Ensinou-me uma série de coisas que jamais esqueci. Revelou-me a sabedoria do dito socrático " Só sei que nada sei". Fez de mim um falibilista e inculcou-me o valor da modéstia intelectual. E fez-me mais consciente das diferenças entre pensar dogmático e pensar crítico"
É obvio que Popper insistiu ainda consigo mesmo em continuar socialista, porem aos trinta anos de idade ele percebe inconsistência e incoerência entre seus pensamentos versus convicções, fato público e ´notório, cuja afirmação nos leva a esse entendimento
" (...) A conjunção dosocialismo e da liberdade individual não é senão um sonho".
Desiludido com a qualidade do ensino no Liceu onde lecionou até 1917, Ppoper decide buscar o conhecimento em História, Literatura, Psicologia, Filosofia na universidade de Viena. Em seus estudos e pesquisas dedicou se também a inúmeras conferencias de medicina. Especializou se em ensino primário em 1923, posteriormente exerceu o cargo de professor do nível secundário nas disciplinas de física e matemática. Em Moritz Schlick no mesmo ano formou em torno do círculo de Viena que semanalmente em suas reuniões discutiam questões relacionadas a filosofia das ciências.
Waldemir Moraes Acioly de Mello.
.Professor Universitário, Repórter, Policial Pós graduado em Filosofia e Historia das Ciências, Especialista em educação ,Musica e Teologia. Mestrando em Filosofia e historia das ciências
https://aciollyentornosul.blogspot.com/
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