Justiça manda transferir militares presos por espionagem na PM de MT para presídio em MS
Os coronéis Zaqueu Barbosa, Ronelson Barros e Evandro Lesco e o cabo Gerson Correa Junior são suspeitos de envolvimento no esquema que funcionou na Polícia Militar.
Por G1 MT
Grampos clandestinos fizeram mais de 100 vítimas (Foto: Reprodução/TVCA)
O desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), determinou a imediata transferência do coronel Zaqueu Barbosa e dos coronéis Evandro Lesco e Ronelson Barros, ex-chefe e ex-adjunto da Casa Militar, para o Presídio Federal de Segurança Máxima em Campo Grande (MS). Eles são acusados de terem feito parte de um esquema de espionagem clandestino operado pela PM, que fez mais de 100 vítimas entre 2014 e 2015.
Os militares, que são homens de confiança do governador Pedro Taques (PSDB), foram presos entre maio e junho deste ano e estão detidos em alojamentos militares em Cuiabá.
Alojamento também tem microondas, segundo vistoria realizada nos locais (Foto: Reprodução)
No entanto, uma vistoria feita no local após determinação de Perri apontou regalias dentro dos alojamentos. Nas imagens, feitas durante a visita, os quartos aparecem equipados com frigobar, geladeira, fogão, TV de tela plana e microondas.
Na mesma decisão, o desembargador determinou a transferência do cabo Gerson Correa Junior para o Centro de Custódia de Cuiabá (CCC). O cabo também está preso em um alojamento na Rotam, na capital, desde 23 de maio.
A Justiça também solicitou vaga para ele na Penitenciária Federal ou, caso o pedido seja negado, em um presídio militar, ambos em Campo Grande.
Em depoimento, um amigo de infância de Gerson revelou que o militar também tinha acesso à internet mesmo dentro da prisão. A testemunha afirmou que recebeu um e-mail de Gerson no dia 26 de junho. O assunto era a cobrança de uma dívida. A mensagem, no entanto, foi enviada um mês depois da prisão do militar.
Os quatro PMs que estão presos foram denunciados por crimes militares pelo Ministério Público, que acusou ainda Zaqueu Barbosa, ex-chefe da PM por envolvimento no esquema montado no Núcleo de Inteligência da isntituição clandestinamente.
Um quinto militar, o tenente-coronel Januário Batista, comandante da PM também foi denunciado. Ele chegou a ser preso, mas liberado quase um mês depois.
Denúncia
O promotor de Justiça Mauro Zaque, que comandou a Secretaria de Segurança Pública em 2015, denunciou o caso à Procuradoria-Geral da República, afirmando que alertou o governador Pedro Taques (PSBD) sobre a existência de um "escritório clandestino de espionagem".
Dias antes do escândalo ser revelado em reportagem do Fantástico, em maio, o secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, primo do governador, deixou o cargo. O próprio Paulo Taques, alegando ameaças, pediu à Sesp para que fossem investigados um jornalista, uma ex-secretária e uma ex-amante dele.
Em depoimento encaminhado à PGR, Zaque afirmou que em 2015, quando ainda estava no governo, ouviu o coronel Zaqueu Barbosa, comandante da PM à época, dizer que as interceptações telefônicas eram feitas por determinação de Pedro Taques.
O promotor de Justiça afirma que levou o assunto a Taques e que o governador ficou constrangido, mas não fez nenhum comentário. O governador do estado nega qualquer envolvimento com o esquema de espionagem ocorrido durante a gestão dele.
FONTE G1 MT
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