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terça-feira, 9 de junho de 2015

Padre afirma que será preso se tiver de devolver R$ 18 milhões ao governo


Padre afirma que será preso se tiver de devolver R$ 18 milhões ao governo

Luiz Augusto é apontado como servidor fantasma da Assembleia de Goiás.
MP pede devolução dos salários corrigidos; ele diz que não tem como pagar.

Do G1 GO
Apontado pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) como funcionário fantasma da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), o padre Luiz Augusto Ferreira da Silva, de 54 anos, disse que, caso seja condenado pela Justiça, não tem como devolver o valor de R$ 18 milhões ao Estado. "Eu não tenho, vou ficar preso então. Não tenho nada para oferecer. O dinheiro está com essas pessoas", diz, apontando para um folheto onde há pessoas atendidas por obras sociais criadas por ele.

O padre justifica que usa todo o seu salário para ajudar outras pessoas. "Sou funcionário efetivo e fiz uma opção para ganhar um salário da Assembleia um pouquinho maior, hoje de R$ 7,3 mil líquidos. Pago Ipasgo [plano de saúde para servidores públicos estaduais] para as pessoas doentes que eu cuido e sobra R$ 6,3 mil para comprar algum alimento para eles", diz.
Conhecido por arrastar multidões às suas missas, Padre Luiz foi admitido em 1980 na Assembleia Legislativa e, segundo a denúncia, teria recebido até agora, R$ 3 milhões sem prestar os serviços pelos quais foi contratado. Porém, o montante a ser devolvido, segundo o MP, pode aumentar por conta de juros e multas.
Luiz Augusto alegou que nunca ganhou salário como padre e que não tem "carro nem celular". "Tenho 35 anos de Assembleia. Se eu me aposentar, com a graça de Deus, vou esse dinheiro para cuidar dos pobres, dos que precisam, o ano que vem", revela.
Dinheiro público
O promotor de Justiça Fernando Krebs, responsável pelo caso, disse que a justificativa do padre de usar o dinheiro para ajudar outras pessoas não o isenta da situação irregular.
Padre Luiz Augusto durante a missa na Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, em Aparecida de Goiânia (Foto: Versanna Carvalho/G1)Padre Luiz Augusto ficou conhecido após ser
afastado de paróquia (Foto: Versanna Carvalho/G1)
"Ele, como funcionário da Assembleia, tem que prestar serviço na Assembleia e não para a igreja católica na sua paróquia. O fato dele fazer caridade é louvável, mas ele tem que fazer isso com o dinheiro dos seus fiéis, da sua igreja e não com o dinheiro público", pondera.
Além disso, Krebs diz que o valor que ele deverá devolver aos cofres públicos, caso seja condenado, não é de apenas R$ 3 milhões, mas sim seis vezes esse montante.
"O valor é de R$ 18 milhões. São os R$ 3 milhões que ele recebeu indevidamente sem prestar trabalho público. Se ele está fazendo caridade, o problema é dele. Além disso, tem a multa civil prevista na Lei de Improbidade Administrativa e estamos pedindo também o dano moral coletivo", calcula.
Polêmicas
Além da situação de supostamente ser servidor fantasma, o padre já esteve envolvido em outras polêmicas. Popular entre os fiéis de Goiânia, Padre Luiz foi afastado em maio de 2011, da Paróquia Sagrada Família, onde esteve à frente por 15 anos. Ele foi transferido para uma comunidade com cerca de 30 pessoas e proibido de celebrar missas para pessoas de outras paróquias. O afastamento foi motivo de protestos entre os católicos.
Um ano depois, já na Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, no Setor Expansul, em Aparecida de Goiânia, ele voltou a reunir milhares de fiéis em suas missas e viu o número de presentes nas celebrações subir de 30 para cerca de 3 mil pessoas.
Ele também realizando uma campanha para tentar abolir a presença de outdoors de casas de shows que contenham mensagens eróticas ou pornográficas em Goiás. O pároco afirma que os painéis são um desrespeito à família e são responsáveis pelo crescimento dos casos de adultério

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