Mendanha rejeita Bolsonaro e Lula da Silva e atrai “Escroquedanha”
domingo 03 abril 2022 0:01
Ao perder o timing da filiação, além de ter sido rejeitado por Republicanos, PSD, PL e pP, o ex-prefeito está escolhendo aliados com problemas judiciais
Pré-candidato a governador de Goiás pelo Patriota, Gustavo Mendanha “rejeita” dois candidatos a presidente da República, o presidente Jair Bolsonaro, do PL, e o ex-presidente Lula da Silva, do PT.
Político de direita, da corrente fundamentalista-religiosa, Mendanha não caminha com Bolsonaro porque foi rejeitado pelo presidente. Ele esteve em Brasília, clamou pelo voto do gestor federal, mas recebeu um rotundo “não”. Ouviu que o candidato a governador de Goiás do chefe do Executivo nacional é o deputado federal Major Vitor Hugo. Um aliado conta que, ao ouvir isto, Mendanha “quase chorou” e teria ficado irritado com a deputada Magda Mofatto, que o levou ao “Capitão”, que o tratou como “recruta”.
Irritado, Mendanha decidiu declarar que não vai apoiar Bolsonaro para presidente. Vai ficar neutro na eleição presidencial.
Mendanha rejeita Lula da Silva porque, sendo de direita, não comunga com as ideias de esquerda do petista. Um grupo de pastores que orientam e fazem a cabeça do ex-prefeito não aceita qualquer composição com o ex-presidente. São bolsonaristas convictos.
Gustavo Mendanha e Jair Bolsonaro: o presidente teria ficado constrangido com o assédio político do político goiano | Foto: Divulgação
Perda do timing prejudicou candidatos a deputado
Vários pré-candidatos a deputado estadual e federal tiveram de sair, às pressas, à cata de partidos políticos para se filiarem. Muitos agasalharam-se no PL do Major Vitor Hugo, ainda que digam, inclusive fora do off, que vão apoiar Mendanha para governador.
O fato é que, ao se demorar a filiar — ao menos ao retardar em dizer para onde iria —, prejudicou, e muito, seus aliados, que, na reta final, ficaram sem rumo. Imagine se o Major Vitor Hugo, como candidato a governador, endurecer o jogo e impedir que alguns dos filiados do PL, aos quais não considera leais, sejam candidatos a deputado. Ele poderá dizer: “Não estão comigo? Pois bem, vou arranjar outros candidatos para substitui-los”. Uma intervenção, sempre possível, pode retirar o comando do PL das mãos da deputada Magda Mofatto.
Por sinal, Magda Mofatto e o deputado federal Professor Alcides estariam dizendo, aos seus correligionários, que, na hora agá, Major Vitor Hugo vai compor com Mendanha. “Irá” a senador ou a vice do ex-prefeito, de acordo com mofatistas. Entretanto, não é o que diz Vitor Hugo aos seus aliados mais próximos. Político de posições firmes, o deputado tem dito que não abrirá mão da candidatura e não aceita ser vice de Mendanha.
Filiando-se numa espécie de ong política
Voltando à filiação de Mendanha: o político acabou sendo dispensado por vários partidos, como PSD, Republicanos, PL e pP. Todos se recusaram a aceitá-lo como filiado. Sem o apoio de um partido consistente, acabou se filiando ao Patriota, que, dada sua estrutura mignon — quase não tem tempo de televisão (Mendanha praticamente não dará conta de se apresentar, e por isso terá de usar as redes sociais) e seus recursos do Fundo Eleitoral são escassos —, é chamado, até por filiados, de “ong”. Os adversários, mais ácidos, sustentam que são uma sob-ong — o que é um exagero evidente.
Não custa lembrar que Fernando Collor, em 1989, e Bolsonaro, em 2018, eram filiados em partidos anódinos, o PRN e o PSL (este só cresceu depois do pleito). Porém, de alguma forma, tanto Collor quanto Bolsonaro tinham estruturas nos Estados, em decorrência de suas alianças políticas. O problema de Mendanha é que não tem o apoio de estruturas sedimentadas no interior de Goiás. Por isso, sem distinção, está se aliando àqueles que aparecem — como um prefeito de uma cidade do interior, que foi acusado de pedofilia e foi investigado inclusive pelo Senado e denunciado no “Fantástico”. O ex-vereador Amarildo Pereira, que chegou a ser preso e a usar tornozeleira eletrônica, também é um dos aliados de Mendanha. Isto significa que o ex-prefeito não tem aliados a escolher. Noutras palavras, está “pegando” aqueles que estão aparecendo. “Gustavo corre o risco de atrair, por falta de aliados, uma verdadeira ‘Escroquedanha’ — os rejeitados por todos. É uma pena porque não se trata de uma pessoa ruim. Ele é bem-intencionado”, afirma um deputado estadual.
Fonte Jornal Opção