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domingo, 29 de outubro de 2017

EPISTEMOLOGIA E EDUCAÇÃO

ARTIGO CIENTIFICO  
FILOSOFIA E HISTÓRIA DAS CIÊNCIAS
Busco despertar meus leitores para uma argumentação no campo das ideias aprofundando e aprimorando os conhecimentos sobre o tema em destaque.   Dentro da concepção filosófica quero abordar sobre os desafios enfrentados por docentes e corpo discente como também a influência da sociedade na educação e suas consequências.
Considerando as iniciativas técnicas como também a influencia externa para a evolução do conhecimento e aprimoramento na busca de um ambiente onde a filosofia aponte uma solução não apenas técnica como também uma evolução para o conhecimento cientifico.
Na perspectiva de Boaventura de Souza Santos, é compreendido como um paradigma de um conhecimento prudente para uma vida decente. Diante  da abordagem desse tema em epigrafe busco despertar-lhes a reflexão sobre a evolução da educação como também dissertar sobre as inovações nas praticas educativas na sociedade contemporânea, em destaque as escolas.
Palavras-chave: Filosofia; epistemologia; ciência; paradigma; educação




Segundo Boaventura de Sousa Santos, no final do século XX. Viveu se um tempo em que atônitos ao debruçar-se sobre si próprio descobria se que os seus pés são cruzamentos de sombras. “sombras que vêm do passado que ora pensamos já não sermos, ora pensamos não termos ainda deixado de ser, sombras que vêm do futuro que ora pensamos já sermos, ora pensamos nunca virmos a ser.”
Ao analisar o texto em destaque nos vemos diante de um passado cujo o progresso cientifico se é considerado por muitos obsoletos e que no presente obstante a certeza da daquilo em que já se considera ser.  Um  futuro de imprecisões cujas pesquisas são denominadas por paradigmas e progresso cientifico.  Por outro lado considerando-se o anseio a esse progresso cientifico algo utópico daquilo que poderia ser.   A expressão do autor nos traz a percepção de que não houve progressos científicos nos últimos trinta anos que antecederam o final do século XX, de tal ordem dramáticos que os séculos que nos precederam desde o século XVI, onde todos, cientistas modernos, nasceram, até ao próprio século XIX.

Porém se fecharmos os olhos e voltarmos a abrir, poderemos então verificar com surpresa que os grandes cientistas que estabeleceram e mapearam o campo teórico em que ainda hoje nos movemos viveram ou trabalharam entre o século XVIII e os primeiros vinte anos do século XX, de Adam Smith e Ricardo a Lavoisier e Darwin, de Marx e Durkheim a Max Weber e Pareto, de Humboldt e Planck a Poincaré e Einstein. E de tal modo é assim que é possível dizer que em termos científicos vivemos ainda no século XIX e que o século XX ainda não começou, nem talvez comece antes de terminar, se de forma o contraria olharmos ao futuro vemos a contradição em suas imagens que nos ocorrem de formas alternadas.
Hoje porém vemos a evolução tecnológica e cientifica se potencializando velozmente e o conhecimento acumulado nos leva a crer no limiar de uma sociedade de comunicação e interação liberta das carências e inseguranças nos dias atuais.  Diante da expressão do autor a clara e nítida afirmação de que o século XXI começou antes de seu tempo.
Uma reflexão mais profunda desse avanço tecnológico e cientifico acrescido do perigo cada vez real de uma catástrofe ecológica ou até mesmo de uma guerra nuclear nos faz sentir o medo de que o século nem se quer termine.

A evolução da tecnologia e ciência  tem levado as grandes potencias as corridas armamentistas, o poderio bélico e nuclear tem levado grandes lideres a se comportarem de uma forma antiética e inconsequente. Em julho deste ano, a Coreia do Norte realizou testes de mísseis balísticos intercontinentais, revelando ter condições de alcance do continente americano, o que ampliou a tensão já existente com os Estados Unidos. Como resposta, o presidente norte-americano Donald Trump prometeu devolver “com fogo e fúria” novas ameaças de Pyongyang, capital da Coreia do Norte. O Presidente norte-americano, Donald Trump. A hostilidade cresceu mais ainda quando, em resposta à polêmica frase de Trump, o ditador norte-coreano Kim Jong-um ameaçou lançar mísseis em direção a ilha americana de Guam, localizada no Pacífico. A ideia foi suspensa, mas com o alerta do ditador de que sua ativação dependeria apenas do comportamento dos EUA.


No período de transição é difícil entender e de percorrer,  é necessário voltar as coisas simples a capacidade de formular perguntas simples, como Einstein costumava dizer, só uma criança pode fazer mas que, depois de feitas, são capazes de trazer uma nova luz a nossa perplexidade.
Inclinar-se para as perguntas, reverenciá-las, abrir espaço para o questionamento, colocar em prática o ato de perguntar.
‘Uma resposta nunca merece uma reverência. Mesmo que for inteligente e
correta, nem assim você deve se curvar para ela [...] Quando você se inclina,
você dá passagem’, continuou Mika. ‘E a gente nunca deve dar passagem para
uma resposta’. ‘Por que não?’ ‘A resposta é sempre um trecho do caminho que
está atrás de você. Só uma pergunta pode apontar o caminho para a frente’
(GAARDER, 1997, p. 27-28).
Tenho comigo uma criança que há precisamente duzentos e trinta e oito anos fez algumas perguntas simples sobre as ciências e os cientistas. Fê-las no início de um ciclo de produção científica que muitos de nós julgam estar agora a chegar ao fim. Essa criança é Jean-Jacques Rousseau. No seu célebre Discours sur les Sciences et les Arts (1750) Rousseau formula várias questões enquanto responde à que, também razoavelmente infantil, lhe fora posta pela Academia de Dijon1. Esta última questão rezava assim: o progresso das ciências e das artes contribuirá para purificar ou para corromper os nossos costumes? Trata-se de uma pergunta elementar, ao mesmo tempo profunda e fácil de entender.
O autor destaca que uma resposta de modo eloquente rendeu lhe fez merecer um prêmio e algumas inimizades.
-Rousseau fez as seguintes perguntas não menos elementares: há alguma relação entre a ciência e a virtude? Há alguma razão de peso para substituirmos o conhecimento vulgar que temos da natureza e da vida e que partilhamos com os homens e mulheres de nossa sociedade pelo conhecimento científico produzido por poucos e inacessível à maioria? Contribuirá a ciência para diminuir o fosso crescente na nossa sociedade entre o que se é e o que se aparenta ser, o saber dizer e o saber fazer, entre a teoria e a prática? Perguntas simples a que Rousseau responde, de modo igualmente simples, com um redondo não!
Quando Rousseau escreveu o texto acima referido, no século XVIII, já havia o fermento de uma transformação técnica e social sem precedentes na história da
humanidade.
Uma fase de transição que deixava inquietos, conforme Santos (2003, p.17) os espíritos mais atentos e os fazia refletir sobre os fundamentos da sociedade em que viviam e sobre o impacto das vibrações a que eles iam ser sujeitos por via da ordem
científica emergente.

Jean-Jacques Rousseau. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) foi um filósofo social, teórico político e escritor suíço. Foi o mais popular dos filósofos que participaram do Iluminismo, movimento intelectual do século XVIII. ... Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) nasceu na Genebra, Suíça, no dia 28 de junho de 1712.

Paulo Freire (1986), por sua vez, destacava a importância de um educador que se preocupasse com aquilo que era da ordem do vivido do estudante, que o coloca em relação por meio do diálogo. Na série Diálogos sobre Educação, com Sérgio Guimarães, Freire conta que em sua escola primária teve uma professora que fazia um exercício de formar sentenças, em que ela solicitava que se expressasse oralmente, dizendo algumas palavras, destacando “a necessidade do exercício da expressividade oral da criança” (FREIRE; GUIMARÃES, 2011, p. 32). Na sequência, a professora solicitava que o estudante escrevesse duas ou três palavras dentre as verbalizadas. A professora realizava a leitura das palavras, em conjunto com o estudante, e solicitava, então, que este contasse algo com aquelas palavras.
Se houvesse alguma dificuldade, Freire ressaltava que os erros eram avaliados “sobre a prática e na prática. Não eram abstrações” (FREIRE; GUIMARÃES, 2011, p. 32). Uma professora que se fazia presente e atenta, solicitando e sugerindo novas atividades e que igualmente se envolvia, tanto com o estudante quanto com a proposta e a estratégia utilizada: eis uma possibilidade de diálogo enriquecedora, uma proposta de ensino e de aprendizagem significativa para ambos.

Parece-nos que hoje vive-se um momento semelhante, embora extremamente mais complexo. São vários os pensadores, dentre eles, Santos (1995), que compartilham
a idéia de que se está numa fase de transição, também denominada de transição paradigmática. Esse momento exige urgência na resposta a uma série de perguntas,
algumas já feitas, como as de Rousseau, que buscam as relações entre ciência e virtude,entre o papel do conhecimento científico acumulado e a qualidade de nossas vidas, ou seja, pelo valor da ciência para a nossa felicidade e, portanto, para a educação. Quem sabe a nossa resposta possa ser diferente daquela dada pelo filósofo.
A seguir, serão tratados, em linhas gerais, elementos que indicam a crise de um velho modelo de ciência, ou quando menos, de seus limites. Também serão tratadas, sucintamente, considerações sobre o paradigma emergente de ciência, e enfocaremos algumas teses sobre uma nova epistemologia propostas por Santos (1995).



Diferenças entre a Ciência Antiga e a Ciência Moderna


É uma ciência baseada em distinções qualitativas do espaço (alto, baixo, longe, perto, celeste, sublunar);
É uma ciência baseada na metafísica da identidade e da mudança (perfeição imóvel, imperfeição móvel);
É uma ciência que estabelece leis diferentes para os corpos segundo sua matéria e sua forma, ou segundo sua substância;
como consequência das características anteriores, é uma ciência que concebe a realidade natural como um modelo hierárquico no qual os seres possuem um lugar natural de acordo com sua perfeição, hierarquizando-se em graus que vão dos inferiores aos superiores.

No entanto, se a compararmos com a moderna, isto é, a  física que foi elaborada por Galileu e Newton, podemos notar as grandes diferenças:

Para a física moderna, o espaço é aquele definido pela geometria, portanto, homogêneo, sem distinções qualitativas entre alto, baixo, frente, atrás, longe, perto. É um espaço onde todos os pontos são reversíveis ou equivalentes, de modo que não há “lugares naturais” qualitativamente diferenciados; os objetos físicos investigados pelo cientista começam por ser purificados de todas as qualidades sensoriais – cor, tamanho, odor, peso, matéria, forma, líquido, sólido, leve, grande, pequeno, etc., isto é, de todas as qualidades sensíveis, porque estas são meramente subjetivas. O objeto é definido por propriedades objetivas gerais, válidas para todos os seres físicos: massa, volume, figura. Torna-se irrelevante o tipo de matéria, de forma ou de substância de um corpo, pois todos se comportam fisicamente da mesma maneira. Torna-se inútil a distinção entre um mundo celeste e um mundo sublunar, pois astros e corpos terrestres obedecem às mesmas leis universais da física; a física estuda o movimento não como alteração qualitativa e quantitativa dos corpos, mas como deslocamento espacial que altera a massa, o volume e a velocidade dos corpos. O movimento e o repouso são as propriedades físicas objetivas de todos os corpos da Natureza e todos eles obedecem às mesmas leis – aquelas que Galileu formulou com base no princípio da inércia (um corpo se mantém em movimento indefinidamente, a menos que encontre um outro que lhe faça obstáculo ou que o desvie de seu trajeto); e aquelas formuladas por Newton, com base no princípio universal da gravitação (a toda ação corresponde uma reação que lhe é igual e contrária). Não há diferença entre movimento natural e movimento violento, pois todo e qualquer movimento obedece às mesmas leis; a Natureza é um complexo de corpos formados por proporções diferentes de movimento e de repouso, articulados por relações de causa e efeito, sem finalidade, pois a ideia de finalidade só existe para os seres humanos dotados de razão e vontade. Os corpos não se movem, portanto, em busca de perfeição, mas porque a causa eficiente do movimento os faz moverem-se. A física é uma mecânica universal.
A física da Natureza se torna geométrica, experimental, quantitativa, causal ou mecânica (relações entre a causa eficiente e seus efeitos) e suas leis têm valor universal, independentemente das qualidades sensíveis das coisas. Terra, mar e ar obedecem às mesmas leis naturais. A Natureza é a mesma em toda parte e para todos os seres, não existindo hierarquias ou graus de imperfeição-perfeição, inferioridade-superioridade.




Características do novo modelo

Para a solução dos problemas efetivos da sociedade como cidadania o autor deduz que o paradigma dominante não permite repensar o futuro impondo lhe a reinvenção, abrindo assim um horizonte de possibilidades utópica.
O vislumbre da utopia leva a sociedade a estagnação e imobilidade pois uma esperança por algo que jamais vai acontecer vindo assim a frustração que tira  lhes a motivação e anseio por uma educação ideal ao que muitos sonham. Segundo o autor em epigrafe isso pode ter na perspectiva dos valores e fins educacionais, trazendo sim um resultado positivo. Conforme Santos (1997), as duas condições de possibilidade de utopia são uma nova epistemologia e uma nova psicologia.
Para o autor é necessário, pois, que se esteja atento para um novo paradigma que lentamente emerge, embora não esteja pronto, nem acabado.
Segundo o autor em seu enunciado o paradigma de um conhecimento decente para uma vida decente, assim o autor busca enfatizar que o paradigma emergente, não só através de uma revolução cientifica deve também um paradigma social refletindo sobre o corpo docente.
Quatro teses apresentadas a nova epistemologia do paradigma pelo autor em 1985/86.
Seguindo o pensamento de Santos (2003).
O autor enuncia uma tese significativa:” todo o conhecimento científico da natureza é conhecimento da sociedade e vice-versa.”
Segundo o mesmo a distinção entre as ciências naturais perde assim o seu sentido por isso a busca de revalorizar os estudos humanísticos. Em sua abordagem a superação das ciências naturais afirma:
A concepção humanística das ciências sociais enquanto agente catalisador da progressiva fusão das ciências naturais e sociais coloca a pessoa, enquanto autor e sujeito do mundo, no centro do conhecimento, mas ao contrário às humanidades tradicionais, coloca o que hoje designamos por natureza no centro da pessoa. Não há natureza humana porque toda a natureza é humana.(SANTOS, 2003, p. 72).
Principalmente a biodiversidade no caso da procura de soluções para muitas doenças, os discursos se interpenetram. A biodiversidade corresponde, portanto, a um processo de co-produção de uma ordem indissociavelmente política, científica, técnica, moral, biológica, cultural, que envolve um leque diferenciado de atores  cientistas, povos indígenas,organizações, etc...


Em segundo lugar o autor enfatiza que todo o conhecimento é total e local. O conhecimento em si requer uma especialização e conhecimento rigoroso em sua área de atuação.
Em terceiro lugar a tese de que o conhecimento é autoconhecimento, impondo pela ciência moderna ao homem enquanto sujeito epistêmico.
Em quarto lugar a tese de que todo o conhecimento científico visa constituir se em senso comum. A ciência moderna construiu-se contra o senso comum que considerou superficial, ilusório e falso.
O paradigma emergente segundo o autor  requer aprofundarmos a uma escavação arqueológica para saber por que não foi feito e compreender assim essa omissão.
Nesse paradigma emergente o autor ressalta que os grandes valores éticos e culturais como também o respeito a dignidade humana valoriza a expansão  da democracia, como também o dialogo é importante para uma democracia inspirada numa expectativa eco-socialista.
“De nada valerá inventar alternativas de realização pessoal e coletiva, se elas não são apropriáveis por aqueles a quem se destina.” (SANTOS,1997, p. 287)

Implicações do paradigma emergente e novas pautas educativas

Uma importante noção do paradigma emergente é o reconhecimento que o princípio da separatividade cartesiano-newtoniana não tem sentido. Logo, as separações mente/corpo, cérebro/espírito, homem/natureza não mais se sustentam.
A concepção de que  a mente promove a interação com o corpo, interior e exterior leva a repensar segundo o autor a concepção de processos formativos ou educacionais abrangentes, que considerem o ser humano na sua totalidade cognitiva, física, afetiva, espiritual.
No paradigma que emerge, todo conhecimento é autoconhecimento. Revela muito sobre quem somos e o que seremos. De uma forma sucinta o autor enfatiza que o conhecimento em suas transformações leva ao conhecimento levando assim a afirmação de que todo o conhecimento é autoconhecimento.
Na perspectiva apontada pelo autor o mesmo em suas argumentações ressalta que não tem como a intenção desqualificar a ciência mas trazer a reflexão de que o sentimento a religiosidade traz a ciência um tom mais humano revalorizados na educação para que ela não se torne transparente, mas fria como um vidro. O autor traz a discussão a responsabilidade social e politica para resolução de problemas técnicos para uma educação de qualidade cujo paradigma emergente em consonância com as reais necessidades levem a resultados reais e não utópicos como o quadro que se instala no cenário atual. “A ruptura epistemológica já mencionada anteriormente nesse texto indica que não é suficiente apenas sair do senso comum para fazer ciência, mas a partir da ciência, voltar e transformar o senso comum.”

Ressalto  que não basta colocar as nossas crianças nas escolas, o importante para que a educação e o avanço do conhecimento é a valorização do corpo docente.
Investir na construção de escolas que sejam um referencial para o avanço cientifico e tecnológico e progresso para uma sociedade culta e competente.  A valorização do material pessoal como bons salários e incentivos para o aprimoramento profissional daqueles que tem como foco e objetivo levar o conhecimento.   A inclusão conceitos de cidadania e respeito aos valores morais como também o incentivo a pesquisas cientificas é de suma importância para a formação de bons profissionais e  futuros cidadãos e cidadãs de bem.
A corrupção leva os políticos ao descrédito perante a sociedade isso reflete no corpo docente e discente como também na educação que de uma forma interfere na formação de uma sociedade justa, pois a cada dia o serviço publica perde a qualidade.  Essa reação em cadeia leva empreendedores e cidadãos comuns a sonegação que por outro lado traz a recessão haja vista os gastos públicos exorbitantes com folha de pagamento e prestadores de serviços e má gestão levando a um déficit o Estado que por sua vez leva o executivo a omissão nos investimentos primários como por exemplo: Saúde, educação, segurança pública e outras áreas.

Saber é poder?

Duas afirmações mostram a diferença dos modernos em relação aos antigos: a afirmação do filósofo inglês Francis Bacon, para quem “saber é poder”, e a afirmação de Descartes, para quem “a ciência deve tornar-nos senhores da Natureza”. A ciência moderna nasce vinculada à ideia de intervir na Natureza, de conhecê-la para apropriar-se dela, para controlá-la e dominá-la. A ciência não é apenas contemplação da verdade, mas é sobretudo o exercício do poderio humano sobre a Natureza. Numa sociedade em que o capitalismo está surgindo e, para acumular o capital, deve ampliar a capacidade do trabalho humano para modificar e explorar a Natureza, a nova ciência será inseparável da técnica. ciência, acabará por marcar de forma indelével, já na modernidade, a complexa e imbricada relação entre técnica e ciência.
E para finalizar o texto em torno dessas pautas, o autor traz um aspecto que salta aos olhos na discussão da emergência dessa racionalidade é o seu caráter utópico. Salientando que não ser vergonha o assunto em destaque nem negativo em sua subjetividade, trazendo sim um positivo ato de reflexão e que a utopia assume o sentido de força de transformação da realidade, assumindo corpo e consistência suficientes para transformar-se em autêntica vontade inovadora e encontrar os meios de inovação (ABBAGNANO, 2000).
O sentido da utopia segundo o autor é trazer a motivação e suficiente ou uma causa válida para se lutar. Especialmente na escola todos podem-se e devem-se reavivar a disposição de se conceber e lutar por um mundo que se considere mais adequado, transformado, humanizado, mesmo que momentaneamente ainda não seja possível realizá-lo. Todos os dias nossas vidas dependem e oscilam entre os polos do que se pensa que é e do que se pensa que deveria ser.  Diante dessas considerações o autor tem se a esperança de um dia ouvir um dia a resposta diante da pergunta de que foram colocadas há muitos anos pelo filósofo Rousseau. “Existe alguma razão para substituirmos o conhecimento vulgar (de senso comum) que temos da natureza e da vida pelo conhecimento científico produzido por poucos e inacessível a maioria? Será que a ciência poderá contribuir para diminuir as distâncias crescentes na sociedade entre o que se é o que se aparenta ser, entre dizer e fazer, ou (como dizemos frequentemente), entre a teoria e a prática?” A Essas perguntas Rousseau respondeu, taxativamente, não!  porém o autor em sua explanação espera um ter  como resposta um dia.  Um grandioso e eloquente Sim!
Alguns caminhos estão sendo apontados. Quais os mais significativos? Em que se pode contribuir?

Referências bibliográficas
ASSMAN, H. Metáforas novas para reencantar a educação. Piracicaba: Unimep,
1986.
ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. Trad. Ivone Castilho Benedetti. 4.ed. São
Paulo: Martins Fontes, 2000.
NOSELA, P. A Escola de Gramsci. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
ROUSSEAU, J. J. Um discurso sobre as ciências e as artes. In: Os pensadores. vol 24.
São Paulo: Abril Cultural, 1978.
SANTOS, B. de S. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. 3.ed.
São Paulo: Cortez, 1997.
_____. Um discurso sobre as ciências. São Paulo: Cortez, 2003.
_____. A universidade no século XXI: para uma reforma democrática e emancipatória
da Universidade. São Paulo: Cortez, 2004.
SANTOS, B. de S. (Org.) Conhecimento prudente para uma vida decente: um
discurso sobre as ciências revisitado. São Paulo: Cortez, 2004.

ABENHAIM, Evanir. Os caminhos da inclusão: breve histórico. In: MACHADO,
Adriana Marcondes... [et al.] Psicologia e Direitos Humanos: educação inclusiva,
direitos humanos na escola. Brasília: Casa do Psicólogo, 2005. p. 39-53.
ANASTASIOU, Léa das Graças Camargo; ALVES, Leonir Pessati. Processos de
ensinagem na universidade: pressupostos para estratégias de trabalho em aula. 10ª ed.
Joinville: Univille, 2012.
ANTUNES, Mitsuko Aparecida Makino. Psicologia Escolar e Educacional: história,
compromissos e perspectivas. Psicologia Escolar e Educacional, Campinas, vol. 12,
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BECKER, Fernando. Modelos pedagógicos e modelos epistemológicos. Educação &
Realidade, Porto Alegre, vol. 18, n.1, p. 43-52, jan/jun., 1993.



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