Amanda Nunes Brückner | 26/09/2019 | 6:00 AM | BRASIL
(Marta Nobre – reprodução)
Cresce no meio militar a preocupação com ações dos poderes Legislativo e/ou Judiciário que possam colocar a governabilidade de Bolsonaro em risco.
Em outras palavras, há um movimento detectado por diferentes setores para tentar desestabilizar o governo.
Essa preocupação foi manifestada em grupos de WhatsApp pelo major-brigadeiro Jaime Rodrigues Sanchez, neste fim de semana.
Ele voltou a citar uma ‘sucuri de duas cabeças’, representada “pelo Supremo Tribunal Federal e Congresso Nacional”, que “tramam e apertam seu abraço letal” em torno do presidente.
Depois de lembrar que o Supremo ‘é a casa da Mãe Joana’ e o Congresso Nacional ‘um covil de Ali Babá e seus quase 594 ladrões’, o militar denuncia “uma trama diabólica” capaz de promover “o desmonte de um projeto (do presidente Jair Bolsonaro) que quer beneficiar 60 milhões de brasileiros”.
Jaime Sanchez acusa a grande mídia de patrocinar esse golpe.
“Os grandes veículos estão falidos e não mais mamam nas tetas do governo”, acusou.
O objetivo, segundo o militar, é desviar a atenção, criando fakes news onde os alvos são o presidente, seus parentes, e o próprio governo.
“Enfiam-nos (os veículos da grande mídia) em nossas goelas notícias requentadas e distorcidas; temas controvertidos, incompatíveis com a moral das famílias tradicionais; apologia ao sexo, exibindo cenas envolvendo idosos, crianças e homossexuais; vulgarização do tráfico de drogas e exaltação à corrupção, apresentados em horários inclusive infantis”, pontua o major-brigadeiro.
Na interpretação do militar, “a estratégia dessa verdadeira máfia multi corporativa tem como ponto de partida impedir que o governo concretize suas promessas de campanha, desgastando a imagem de austeridade e anulando a expectativa de mudanças nos destinos do País”.
Jaime Sanchez cita como exemplos de alvos preferidos a reforma da previdência, a reestruturação do Estado e o projeto anticrime, encaminhados à Câmara dos Deputados.
“Em contraposição, o governo tem adotado diversas medidas periféricas, visando o desaparelhamento da máquina, a poupança de recursos e a desarticulação dos esquemas de corrupção das instituições públicas”.
Ainda assim, adverte, “essas medidas podem vir a ser obstadas no Congresso ou na Justiça”.
No texto que circula entre militares de alta patente, Jaime Sanchez considera como segundo passo dessa ‘ação nefasta’ a inviabilização do orçamento do governo.
“Querem reduzir as perspectivas de receita, através do esvaziamento da reforma da previdência e da reestruturação do Estado, bem como o incremento das despesas, com a aprovação do orçamento impositivo, elevando os gastos obrigatórios a 97% do total do orçamento”.
Com essa estratégia, continua o major-brigadeiro, querem desgastar a imagem do presidente com cortes de verbas para setores essenciais da sociedade e, como objetivo maior, forçar o governo a ultrapassar o limite de gastos permitidos, infringindo a lei de responsabilidade fiscal, o que abriria caminho para a instauração de um processo de impeachment contra Jair Bolsonaro.
Jaime Sanchez também adverte para a iniciativa do PT de apresentar uma proposta de Emenda à Constituição destinada a impedir a assunção definitiva do vice-presidente (Hamilton Mourão) em caso de vacância do cargo.
A situação fica ainda mais grave, enfatiza o major-brigadeiro, quando a base aliada e alguns outros elementos “comportam-se como o incrível exército de Brancaleone”.
São, diz o militar, totalmente desarticulados ou inexperientes no jogo da política, “facilmente contaminados com a peste vermelha”.
Em sua análise, o major-brigadeiro salienta que a conjuntura caminha rapidamente para uma situação insolúvel, “uma vez que o presidente e sua equipe estão praticamente ilhados, à mercê da grande rede corporativa formada por políticos, juristas, empresários, intelectuais e funcionários públicos que irão agir unicamente interessados em preservar seus privilégios a qualquer custo, pouco importando o interesse daqueles que os elegeram e pagam seus vultosos salários”.
A persistir esse quadro, encerra Jaime Sanchez, a única saída será as Forças Armadas lançarem mão do Artigo 142 da Constituição Federal.
O texto diz, resumidamente, que os militares poderão, sob a autoridade do presidente da República, interferir para o bom desempenho dos poderes da República (Executivo, Legislativo e Judiciário) para “colocar ordem na casa e atender aos anseios da sociedade, como foi feito em 1964”.