Secretário confessa participação em morte de prefeito e da primeira-dama
O responsável para Secretaria de Finanças da cidade goiana teria decidido se entregar à polícia por pressão dos familiares. Após consultarem advogados, parentes concluíram que, em caso de condenação, ele poderá se beneficiar, por causa da idade
postado em 12/08/2015 09:46 / atualizado em 12/08/2015 10:09
Renato Alves
O secretário municipal de Finanças de Matrinchã (GO), Hélio Alves Soyer, 66 anos, se apresentou à polícia e confessou a participação no assassinato do prefeito da cidade goiana, Daniel Antônio de Souza (PTB), 50 anos, e da primeira-dama, Elizete Bruno de Bastos, em 4 de agosto.
Matrinchã fica na região noroeste de Goiás, a cerca de 430km de Brasília e a 260km de Goiânia. Hélio teria decidido se entregar à polícia por pressão dos familiares. Após consultarem advogados, parentes concluíram que, em caso de condenação, ele poderá se beneficiar, por causa da idade.
O Código Penal Brasileiro prevê que atenuantes devem ser aplicados às condenações de réus com 70 anos ou mais. Outra facilidade para Soyer, caso chegue a esta idade, será a prescrição. Aos que tiverem mais de 70 anos, ocorre a redução pela metade do prazo para a prescrição do crime. Assim, se no momento da sentença, ele tiver mais de 70 anos, um crime que prescreva em 20 anos deverá prescrever em 10.
O secretário de Finanças se apresentou à polícia na tarde desta terça-feira (11/8). Familiares do secretário confirmaram a informação ao Correio. No entanto, ninguém quis ter o nome publicado, nem deu mais detalhes. A Polícia Civil de Goiás (PCGO) ainda não se pronunciou.
Último encontro
Hélio estava à frente da Secretaria de Finanças desde o início do mandato de Daniel, em janeiro de 2013. Hélio é irmão do ex-deputado estadual Luiz Alberto Soyer, liderança do PMDB goiano.
O secretário estava sumido de Matrinchã desde o dia seguinte ao crime. Ele não foi ao velório e sepultamento do casal. Hélio, porém, esteve com as vítimas na noite anterior ao duplo homicídio.
O último compromisso de Daniel de Souza foi uma reunião na casa do secretário municipal de Administração, Cleyb Bueno. O prefeito estava acompanhado de Elizete e de Hélio Soyer. Eles discutiram a realização da Festa do Peão no município. Depois pediram um sanduíche em um trailer e comeram antes de irem embora.
O prefeito e a mulher dele foram encontrados mortos na manhã do dia 4, na chácara onde moravam, na área rural de Matrinchã.
Uso de foice
Peritos da Polícia Civil de Goiás examinam uma foice encontrada no imóvel onde o prefeito de Matrinchã e a mulher dele foram encontrados mortos. A ferramenta está em Goiânia, segundo o delegado Kleber Toledo, titular da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), que assumiu o caso.
A foice estava cravada em uma árvore da chácara. "Vamos encaminhá-la ao Instituto de Criminalística (IC) para saber se esse objeto pode ter sido usado no crime. Só um exame técnico poderá dizer se existem vestígios de sangue na ferramenta", explicou o delegado. Além da foice, a polícia recolheu papéis e documentos na chácara e no gabinete do prefeito. Esse material também será encaminhado para análise.
O chefe da Deic afirmou não descartar nenhuma hipótese para o crime. Entre outras linhas, ele investiga a possibilidade de crime político e uma relação com às dívidas não pagas pela Prefeitura de Matrinchã e as contraídas pelo político. E, apesar de nenhum objeto ter sido roubado do local, o investigadores ainda não descartaram o latrocínio (roubo com morte).
Tiros descartados
Diferentemente do que afirmavam os policiais militares que atenderam a ocorrência e as testemunhas, os corpos do prefeito e da primeira-dama tinham cortes nos pescoços. Os corpos foram encontrados ensaguentados, na manhã de terça-feira, na chácara onde moravam, a cerca de 7 quilômetros do centro da cidade de 4 mil habitantes, que fica na região noroeste de Goiás, a cerca de 430 km de Brasília e a 260 km de Goiânia.
Ambos foram atingidos por arma branca e perfurante, de acordo com Kleber Leandro Toledo Rodrigues. Além das marcas nos pescoços, a perícia concluiu que a mulher do prefeito também tinha um afundamento no crânio, que pode ter sido causado provocado pelo golpe de algum objeto.
A princípio, os investigadores não encontraram marcas de tiros apontadas por policiais militares que chegaram primeiro à cena do crime. Porém, só o laudo do Instituto Médico Legal (IML) poderá concluir se eles foram ou não baleados.
O delegado Kleber Leandro descartou a possibilidade de o prefeito ter matado a mulher e suicidado em seguida. Informações ainda não confirmadas indicam que o casal foi degolado. Daniel e Elizete foram mortos na varanda da casa, onde há uma mesa grande. Duas poças de sangue ficaram no piso e rastros vermelhos mostram que os dois corpos foram arrastados para o interior da residência.
Eles estavam em quartos distintos, de acordo com o secretário da Administração de Matrinchã, Cleyb Bueno de Moraes que encontrou as vítimas. O secretário e outros integrantes da administração aguardavam o casal para a abertura da Conferência Municipal de Assistência Social, mas diante do atraso, houve o alerta de que algo estava errado.
O primeiro a chegar no local do crime, que fica numa agrovila de assentados que nasceu a partir da desapropriação da Fazenda Chaparral, foi o motorista da prefeitura, Reginaldo Jorge. A pedido do assessor de Elizete Bruno, Felipe Morais, diretor do Centro de Referência de Assistência Social (Crass), ele foi até a agrovila para buscar uma máquina fotográfica e saber o motivo do atraso. Ao ver o carro da família aberto e o barulho da cadela no interior da residência, ele avisou Cleyb Bueno que foi ao local com o assessor jurídico da prefeitura.
Policiais militares chegaram à chácara por volta de 8h50 e isolou o local. Os pontos na varanda onde ficaram as poças de sangue indicam que o casal sentou à mesa com alguém para conversar.
Processos na Justiça
Daniel Antônio de Souza respondia a vários processos na Justiça de Goiás. Dois deles referentes à Operação Tarja Preta, desencadeada pelo Ministério Público estadual em outubro de 2013. Ele foi acusado de improbidade administrativa e de associação criminosa. São dois processos diferentes e o segundo corre em segredo de Justiça. Nenhum deles foi concluído e o prefeito não havia sido sentenciado ainda.
Matrinchã fica na região noroeste de Goiás, a cerca de 430km de Brasília e a 260km de Goiânia. Hélio teria decidido se entregar à polícia por pressão dos familiares. Após consultarem advogados, parentes concluíram que, em caso de condenação, ele poderá se beneficiar, por causa da idade.
O Código Penal Brasileiro prevê que atenuantes devem ser aplicados às condenações de réus com 70 anos ou mais. Outra facilidade para Soyer, caso chegue a esta idade, será a prescrição. Aos que tiverem mais de 70 anos, ocorre a redução pela metade do prazo para a prescrição do crime. Assim, se no momento da sentença, ele tiver mais de 70 anos, um crime que prescreva em 20 anos deverá prescrever em 10.
O secretário de Finanças se apresentou à polícia na tarde desta terça-feira (11/8). Familiares do secretário confirmaram a informação ao Correio. No entanto, ninguém quis ter o nome publicado, nem deu mais detalhes. A Polícia Civil de Goiás (PCGO) ainda não se pronunciou.
Último encontro
Hélio estava à frente da Secretaria de Finanças desde o início do mandato de Daniel, em janeiro de 2013. Hélio é irmão do ex-deputado estadual Luiz Alberto Soyer, liderança do PMDB goiano.
O secretário estava sumido de Matrinchã desde o dia seguinte ao crime. Ele não foi ao velório e sepultamento do casal. Hélio, porém, esteve com as vítimas na noite anterior ao duplo homicídio.
O último compromisso de Daniel de Souza foi uma reunião na casa do secretário municipal de Administração, Cleyb Bueno. O prefeito estava acompanhado de Elizete e de Hélio Soyer. Eles discutiram a realização da Festa do Peão no município. Depois pediram um sanduíche em um trailer e comeram antes de irem embora.
O prefeito e a mulher dele foram encontrados mortos na manhã do dia 4, na chácara onde moravam, na área rural de Matrinchã.
Uso de foice
Peritos da Polícia Civil de Goiás examinam uma foice encontrada no imóvel onde o prefeito de Matrinchã e a mulher dele foram encontrados mortos. A ferramenta está em Goiânia, segundo o delegado Kleber Toledo, titular da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), que assumiu o caso.
A foice estava cravada em uma árvore da chácara. "Vamos encaminhá-la ao Instituto de Criminalística (IC) para saber se esse objeto pode ter sido usado no crime. Só um exame técnico poderá dizer se existem vestígios de sangue na ferramenta", explicou o delegado. Além da foice, a polícia recolheu papéis e documentos na chácara e no gabinete do prefeito. Esse material também será encaminhado para análise.
O chefe da Deic afirmou não descartar nenhuma hipótese para o crime. Entre outras linhas, ele investiga a possibilidade de crime político e uma relação com às dívidas não pagas pela Prefeitura de Matrinchã e as contraídas pelo político. E, apesar de nenhum objeto ter sido roubado do local, o investigadores ainda não descartaram o latrocínio (roubo com morte).
Tiros descartados
Diferentemente do que afirmavam os policiais militares que atenderam a ocorrência e as testemunhas, os corpos do prefeito e da primeira-dama tinham cortes nos pescoços. Os corpos foram encontrados ensaguentados, na manhã de terça-feira, na chácara onde moravam, a cerca de 7 quilômetros do centro da cidade de 4 mil habitantes, que fica na região noroeste de Goiás, a cerca de 430 km de Brasília e a 260 km de Goiânia.
Ambos foram atingidos por arma branca e perfurante, de acordo com Kleber Leandro Toledo Rodrigues. Além das marcas nos pescoços, a perícia concluiu que a mulher do prefeito também tinha um afundamento no crânio, que pode ter sido causado provocado pelo golpe de algum objeto.
A princípio, os investigadores não encontraram marcas de tiros apontadas por policiais militares que chegaram primeiro à cena do crime. Porém, só o laudo do Instituto Médico Legal (IML) poderá concluir se eles foram ou não baleados.
O delegado Kleber Leandro descartou a possibilidade de o prefeito ter matado a mulher e suicidado em seguida. Informações ainda não confirmadas indicam que o casal foi degolado. Daniel e Elizete foram mortos na varanda da casa, onde há uma mesa grande. Duas poças de sangue ficaram no piso e rastros vermelhos mostram que os dois corpos foram arrastados para o interior da residência.
Eles estavam em quartos distintos, de acordo com o secretário da Administração de Matrinchã, Cleyb Bueno de Moraes que encontrou as vítimas. O secretário e outros integrantes da administração aguardavam o casal para a abertura da Conferência Municipal de Assistência Social, mas diante do atraso, houve o alerta de que algo estava errado.
O primeiro a chegar no local do crime, que fica numa agrovila de assentados que nasceu a partir da desapropriação da Fazenda Chaparral, foi o motorista da prefeitura, Reginaldo Jorge. A pedido do assessor de Elizete Bruno, Felipe Morais, diretor do Centro de Referência de Assistência Social (Crass), ele foi até a agrovila para buscar uma máquina fotográfica e saber o motivo do atraso. Ao ver o carro da família aberto e o barulho da cadela no interior da residência, ele avisou Cleyb Bueno que foi ao local com o assessor jurídico da prefeitura.
Policiais militares chegaram à chácara por volta de 8h50 e isolou o local. Os pontos na varanda onde ficaram as poças de sangue indicam que o casal sentou à mesa com alguém para conversar.
Processos na Justiça
Daniel Antônio de Souza respondia a vários processos na Justiça de Goiás. Dois deles referentes à Operação Tarja Preta, desencadeada pelo Ministério Público estadual em outubro de 2013. Ele foi acusado de improbidade administrativa e de associação criminosa. São dois processos diferentes e o segundo corre em segredo de Justiça. Nenhum deles foi concluído e o prefeito não havia sido sentenciado ainda.