POLÍCIA MILITAR DESMOTIVADA Desmoralização da PM seria causa de aumento da violência na Capital, segundo presidente da Associação dos Oficiais
Na visão da atual presidência da Associação dos Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros (ASSOF-GO), a Polícia Militar (PM) está desmotivada. O Diário da Manhã entrevistou quinta-feira, 10, o major da PM Afrânio Carrijo de Oliveira e o tenente do Corpo de Bombeiros, André Luiz Gonçalves, presidente e vice-presidente da associação. Eles falaram sobre como são julgados de maneira equivocada.
Carrijo acredita que o aumento da violência no Estado está relacionado à desmoralização que sofreram com a Operação Sexto Mandamento, realizada em 2012 pela Polícia Federal, para investigar possíveis grupos de extermínio compostos por policiais. Major e tenente reclamam que policiais foram acusados como assassinos, enquanto a sociedade teve de lidar com bandidos que deveriam estar em prisão de segurança máxima. Os dois revelaram também a respeito de quando a Rotam foi retirada das ruas, que “gerou aumento no índice de violência”, revela Gonçalves. O vice-presidente diz que a população sentiu falta do trabalho exercido e a necessidade de voltarem às ruas. “Foi a própria sociedade que pediu para Rotam voltar.”
Major cita o nível de aceitação do Corpo de Bombeiros (98%), e acredita que a polícia também deveria ser admirada. Todos os dias arriscam suas vidas, vão trabalhar sem saber se voltarão para casa. “A corporação é feita por homens e mulheres que merecem respeito.”
Durante entrevista, o major contou que a Polícia Militar realiza um trabalho ostensivo e preventivo, na prisão do meliante. “O trabalho se tornou complicado, uma vez que o País optou pelo desencarceramento da bandidagem”, ressalta. “A PM prende, e depois a Justiça solta o indivíduo 3 ou 5 vezes e ele continua sendo preso, às vezes pelo mesmo crime.” Este fato, segundo o major, desvaloriza o trabalho realizado pela polícia, já que o indivíduo volta às ruas, conclui o militar. O major e o tenente concordam que a polícia sozinha não consegue livrar a cidade de criminosos.
Carrijo e Gonçalves afirmaram à reportagem do DM que a questão social fragilizada é notada diariamente pela corporação. “Se há problema na educação ou até mesmo na saúde, interfere no trabalho que a polícia exerce”, descreve Gonçalves, em visita à redação do DM. Carrijo conta que lidam apenas com “a ponta do Iceberg, com o produto das falhas da sociedade”. O tenente completa dizendo que “a Polícia Militar fica com a batata quente. Militares são apenas vítimas deste sistema”.
Major Carrijo acredita que o maior problema do País é a droga, e diz que “o crime só vai diminuir quando o tráfico de entorpecentes for combatido". Militar ainda diz que os índices de homicídios cresceram, e esse aumento é devido ao grande acesso que as pessoas estão tendo à droga. Ele acredita que quando o sujeito não tem dinheiro para sustentar o seu vício, ele vai furtar. “Uma hora ou outra ele acaba cometendo um assassinato.”
Carrijo e Gonçalves falam acerca do policiamento comunitário, onde o militar trabalha na região que ele conhece, com as pessoas que convive. “Hoje, a PM usa nas suas viaturas o número de celular no vidro traseiro para entrar em contato direto, sem precisar ligar no Telefone 190. Isso torna a polícia mais próxima do cidadão e torna o acesso mais rápido.”
O tenente Gonçalves ressalta sobre a estrutura do Clube dos Oficiais, que possui quadra de tênis e já recebeu vários elogios da mídia. “A quadra de tênis é a melhor.”